JURI ASSOMBRA PODEROSOS EM MINAS

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Há mais coisas podres por trás das montanhas de Minas Gerais do que se possa imaginar. E está aí um belo exemplo, um crime que, a todo tempo, as autoridades policiais tentaram ocultar. Saiba um pouquinho mais desta maravilha à mineira, lendo a reportagem abaixo.

Lambida na íntegra do Novo Jornal


O suspeito de matar Cristiana Ferreira será levado a júri nesta sexta. Assistente de acusação teme "forças ocultas". Modelo foi morta em 6 de agosto de 2000
Repórter Geraldo Elísio - 08/01/2009, 12:52

A ex-modelo Cristiana Aparecida Ferreira, assassinada no dia 6 de agosto de 2000 no San Francisco Flat, segundo o assistente da acusação, o advogado Dino Miraglia, foi morta não por razões passionais e sim por ser “mula” para transportar dinheiro para integrantes do chamado “mensalão mineiro”.

O júri do suspeito de assassinar Cristiane, Reinaldo Pacífico de Oliveira Filho, está marcado para sexta-feira (9) no 1º Tribunal do Juri da capital mineira, entretanto, tenta-se um adiamento “logo depois do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia ter sido intimado a depor”. Para Dino Miraglia, “forças ocultas tentam impedir que a verdade venha à tona”.

O assistente da acusação diz suspeitar de ter havido o sumiço de uma mala contento milhões de dólares. O crime ocorreu quando Itamar Franco era governador de Minas e Newton Cardoso era seu vice. Newton depôs no Ministério Público, bem como Walfrido, Hargreaves e Djalma Moraes, e acusou Mares Guia de ser o dono do apart-hotel onde Cristiane foi morta por estrangulamento.

Todos estes nomes constam de um relatório do Ministério Público de Minas Gerais (Procedimento Administrativo sob o número 001/02), composto de 834 páginas distribuídas em quatro volumes, às folhas 04 e 05. Inicialmente as autoridades policiais encarregadas de apurar o crime sustentavam que a ex-modelo havia se matado.

Também no primeiro parágrafo da folha de número 04 é dito em relação à atuação do MP no caso:

“Autoridades policiais, reiterava seu inamovível convencimento de que Cristiana Aparecida Ferreira suicidou-se, resolveu apurar, diretamente, as circunstâncias dessa morte. Para tanto, na qualidade de titular da Ação Penas, e escudado na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, na Lei Complementar Estadual, e nos artigos 17 e 47, do Código de Processo Penal, instaurou Procedimento Administrativo para apuração complementar ao mencionado Inquérito Policial.” (Sic).

Dino Miraglia salienta: “Parece que só eu estou interessado em que este juri se realize. As forças ocultas desejam que tudo fique encoberto. Mas é engano pensar que o assunto ficará esgotado só com o julgamento de Reinaldo, quem eu acredito, realmente matou a ex-modelo, que era envolvente, capaz de acompanhar homens ligados ao Poder e muito gananciosa.

Mas é ingenuidade pensar que ela foi morta por razões passionais ou ciúmes do ex-namorado. É um crime de paga e com mandante ou mais de um. O que a levou a morte foi ser “mula” para o transporte de dinheiro do mensalão mineiro”.

Miraglia diz que não sabe quem são os mandantes e que não pode ser injusto. “Cabe às autoridades competentes – policiais e judiciais – apurar tudo para que a verdade venha a público. Todos sabem quem são os envolvidos com o mensalões e a responsabilidade de detectar quem foi cabe às autoridades que citei”.

Além de Mares Guia, do ex-secretário de Estado Henrique Hargreaves e do atual presidente da Cemig, Djalma Moraes, a esposa do ex-ministro Walfrido, Sheila Mares Guia, também prestou depoimento. O fantasma de Cristiana ameaça também outras esposas de poderosos que com ela se envolveram em suas atividades sexuais.

Dino Miraglia, experiente criminalista, disse que passará toda a tarde desta quinta-feira (8) no fórum, “para evitar surpresas”. Ele confirma ainda que sumiram peças importantes do processo ao qual está apensada a intimação a Walfrido, e que houve “descaracterização do local do crime”. O processo tem o número 002401045548-5.


Segundo ele, a morte por asfixia foi violenta, provocando em Cristiana defecação que atingiu longa distância, resultando do relaxamento do intestino e músculos periféricos a esta área do corpo humano, bem como a formação do que, no jargão dos legistas, se chama Cogumelo de Espuma”, título de um livro ficcional escrito por uma ex-funcionária ligada a Henrique Hargreaves, segundo Dino Miraglia, em todos os pontos coincidentes com a trágica história de Cristiana.

Trechos das páginas 04 e 05 do Procedimento Administrativo do Ministério Público de Minas Gerais, comprobatórios dos depoimentos das autoridades citadas na reportagem.

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