Nem é preciso repetir o que penso sobre Fernado Pimentel, promiscuidade ideológica e a infame aliança que promoveu a inusitada parceria entre o PT e o PSDB em Belo Horizonte para eleger um Prefeito Laranja. Óbvias, desde o princípio, somente as intenções do Governador Aécio Neves, aumentar o seu cacife político para atingir o objetivo que tanto cobiça, disputar a Presidência da República em 2010.
Por outro lado não se sabe, ainda, quais foram as vantagens oferecidas pelo Palácio da Liberdade aos oPTortunistas que possibilitaram esta maracutaia eleitoreira.
Mas para que o leitor se inteire sobre as consequências políticas da ação dos oPTortunistas de BH, o Língua de Trapo reproduz, na íntegra, a reveladora entrevista concedida pelo ex-Deputado Rogério Correia ao Novo Jornal, o último fiapo de decência do jornalismo da capital.
Ex-deputado Rogério Correia diz que o diretório do PT em Belo Horizonte é a “expressão da decadência ideológica e moral”
Ex-deputado estadual Rogério Correia Ferrenho opositor da aliança do PT com o PSDB em Belo Horizonte, que culminou na eleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB), o ex-deputado estadual petista e atual delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Rogério Correia, disse ao Novojornal que foram confirmadas as suas convicções sobre os objetivos da “aliança neoliberal em BH”.
“As decisões superiores do PT foram afrontadas pela maioria da direção municipal de Belo Horizonte. Aquilo que era apresentado como um mero “apoio” do PSDB, já se transformou em um governo de coalizão”, afirmou.
Correia disse que a atual administração municipal configura-se como um espaço privilegiado do PSDB. “Mesmo a dita “cota pessoal do prefeito” tem claras afinidades com o projeto tucano. Basta ver a hostilidade deles para com o PT”, ressaltou.
À época, o petista chegou a ser ameaçado de expulsão do partido, por não concordar com a inusitada aliança. Hoje, Correia classifica a direção municipal do PT de “decadente e sem moral”.
“O processo disciplinar que abriram contra mim está maculado por insanáveis irregularidades, perdas de prazos, procedimentos anti-jurídicos e anti-estatutários. Nada mais é que a expressão da decadência ideológica e moral de uma instância partidária que terá de prestar contas de seus erros”, declarou.
Confira abaixo a íntegra da entrevista.
Novojornal - O senhor mantém suas opiniões e críticas sobre a opção do PT de Belo Horizonte para as eleições municipais de 2008?
Rogério Correia - Integralmente. Aliás, já no final do ano, quando foram ensaiados os primeiros passos da aliança neoliberal em BH, não só se confirmaram nossas apreensões, como se ampliaram ainda mais nossas convicções. As decisões do III Congresso do PT, as resoluções de nosso Diretório Nacional e de sua Comissão Executiva foram afrontadas pela maioria da direção municipal de BH. Aquilo que era apresentado como um mero “apoio” do PSDB, já se transformou em um governo de coalizão. O que afronta as decisões superiores do PT.
NJ - Mas não existem situações semelhantes em outros municípios?
RC - Primeiro, são situações excepcionais, minoritárias e passaram pelo crivo do Diretório Nacional. Segundo, o balanço político dessas situações não é dos melhores, pois o eleitorado puniu o pragmatismo de alianças entre PT e PSDB na maioria delas. Terceiro, no caso de BH a situação era emblemática: seus artífices queriam que a mesma fosse exemplo e regra para o Brasil, impondo ao presidente Lula e ao PT de todos os demais estados uma agenda que estava e está em contradição com as vocações petistas. A ausência do presidente Lula e de seus ministros na campanha em BH, diferentemente do que ocorreu em outras cidades, é a resposta que foi dada ao projeto local de aliança com os tucanos.
NJ - Como o senhor vê as primeiras medidas do prefeito Marcio Lacerda?
RC - Seria leviano fazer uma avaliação tão prematura e nada tenho de pessoal contra o senhor Lacerda. Acho que ele já está vivendo o dilema de pressões políticas tradicionais e fisiológicas e de suas intenções gerenciais oriundas de sua experiência empresarial. Ele acredita que os valores empresariais corrigiriam os vícios públicos. Eu, democraticamente, discordo. Acho que os vícios privados é que contaminam o ambiente público. Apenas me opus, com uma coerência socialista e militante de 32 anos, a um projeto que nem mesmo ele era o protagonista. Por sinal, a tal aliança era “um bicho de sete cabeças” e a dele era apenas mais uma. Tudo foi feito para que BH fosse um trampolim para o Planalto e para o Liberdade. Mas parece que as tensões tucanas e o quadro estadual se complicaram muito nos últimos dias. O governador já tem candidato próprio, Antônio Anastasia, à sua sucessão. Em todos os casos, lutaremos para que a cidade não seja prejudicada.
NJ - Se o senhor mantém sua opinião de que as decisões nacionais foram desrespeitadas em Belo Horizonte, como vê a participação de petistas no governo local?
RC - Nada como um dia atrás do outro. Configura-se a atual administração como um espaço privilegiado do PSDB. Mesmo a dita “cota pessoal do prefeito” tem claras afinidades com o projeto tucano. Basta ver a hostilidade deles para com o PT. O PSDB, o PPS e PSB mineiro estão construindo um caminho nacional comum, que inclui o DEM. E que é anti-PT e anti-Dilma. Além do mais, vão aflorar divergências de ordem política e programática, disputas por espaço, seqüelas de 16 anos etc. As contradições são muitas e o petismo histórico está espremido na Prefeitura de Belo Horizonte. Quem viver verá!
NJ - E sobre a polêmica da “despetização” do governo municipal?
RC - Esta também é uma questão complexa. Não se mede a presença petista pelo número de filiados que restaram na máquina administrativa. Aliás, esse “petismo” é, em sua maioria, uma soma de filiados recentes (sem tradição petista) com vários militantes que mudaram muito nos últimos tempos, incorporando valores estranhos ao próprio PT.O problema para mim é outro: a dita "despetização" da Prefeitura de Belo Horizonte pode estar ocorrendo há muito mais tempo, antes mesmo da entrega da gestão aos tucanos. Participação popular, transparência e inversão de prioridades de investimento são as marcas do modo petista de governar. Até que ponto estas marcas não estariam se esvaziando nos últimos seis anos? Como disse, não quero antecipar julgamentos sobre o quadro atual, sobre a distribuição das secretarias e órgãos, sobre o esvaziamento de algumas etc. E isto vem agravado pela marquetagem do tal choque de gestão. É, portanto, no plano programático que vejo o esvaziamento do petismo. Mas não quero servir de pretexto para que o "petismo" que restou na Prefeitura de BH me use para pressionar o prefeito Lacerda. Eles que se entendam por lá e prestem contas à cidade, à base social de cada um, aos seus partidos etc. O que eu sei é que parcelas progressistas da cidade defenderão as conquistas desses 16 anos, nas ruas e nos bairros.
NJ – Recentemente, um veículo de imprensa noticiou que seu grupo tinha sido exonerado da Prefeitura de BH e "que não fazia falta, sob o ponto de vista da gestão". O que o senhor acha disso?
RC - Ridículo. Eu não tenho grupo. Integro uma tendência interna do PT, a Tendência Marxista, e participo do movimento "Coerência Petista", junto com Chico Simões, Padre João, Jesus Lima, Neila Batista, Wagner Benevides, Marcos Helênio e muitos outros. Quero fazer um debate de alto nível, programático, político e ideológico. Se for para comparar currículos acadêmicos, técnicos, políticos e profissionais, vamos lá. Isso não seria aconselhável aos meus críticos. Nosso patrimônio é mais técnico, político e moral, do que material. Se quiserem ir por esse terreno... É bom lembrar que a expressão "cargos para a companheirada", proferida pelo governador Aécio, cabe mais a eles do que a mim e aos meus companheiros de jornada. Daqui a pouco vão dizer que o afundamento da via expressa, a dengue, a proliferação de ratos, vários contratos com dispensa de licitação, inchaço de assessores especiais e terceirizados e outros "esqueletos" que possam surgir no "armário", são de minha responsabilidade. Repito: quero me concentrar nos debate de teses e de idéias.
NJ - E sobre punições internas ao PT?
RC - De quem? Só se for dos que embarcaram na aventura da "aliança neoliberal de BH". O governador Aécio, que por sinal está no seu papel político, foi quem mais ganhou com a tal aliança. O PT saiu fortalecido nacionalmente? A candidatura da companheira Dilma ganhou com essa aliança em BH? E a cidade? Eu apoiei Jô Moraes, com muita convicção, no primeiro turno. No segundo, optei por uma política de redução de danos, em função do projeto nacional do PT. O ex-prefeito Pimentel, por seu turno, dividiu o PT, a base aliada do governo Lula, se indispôs com o vice-presidente da República, com o Ministro Hélio Costa, fortaleceu o governador Aécio, partidos hostis ao PT e - salvo melhor avaliação - prejudicou a cidade. O processo disciplinar que abriram contra mim está maculado por insanáveis irregularidades, perdas de prazos, procedimentos anti-jurídicos e anti-estatutários. Nada mais é que a expressão da decadência ideológica e moral de uma instância partidária que terá de prestar contas de seus erros.
NJ - E as perspectivas de futuro?
RC - Estamos otimistas. A sucessão do presidente Lula, a crise internacional, a comparação do projeto democrático e popular com a tragédia neoliberal, esta representada pelos tucanos, vão criar um ambiente mais favorável ao debate. A turma que queria pegar atalho para o Palácio da Liberdade vai ter que dizer a que veio: se são mera continuidade do governo atual, ou se querem construir um projeto alternativo, de esquerda, para tirar Minas da letargia e integrá-lo ao projeto democrático e popular.
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