Matéria lambida do Jornal Hora do Povo.
“Veja” outra vez requenta fraude do grampo no STF
A “Veja”, em sua última edição, fez mais uma tentativa para salvar sua história de um suposto grampo no STF, mais especificamente um grampo realizado pela Abin, que teria gravado uma conversa do atual presidente do tribunal, Gilmar Mendes, com o senador Demóstenes Torres.
A ligação dessa história com a proteção ao escroque Daniel Dantas tornou-se evidente na época e, mais ainda, depois. Tentava-se invalidar a Operação Satiagraha, que contou com a colaboração da Abin para a obtenção de provas contra Dantas, que por sua vez contou com a colaboração de Mendes para soltá-lo duas vezes em 24 horas.
Como até agora não apareceu prova da existência do grampo no STF – e como todas as investigações apontam na direção de uma farsa – periodicamente “Veja” fabrica uma sustentação para sua história, que logo se desmoraliza. Desta vez, apareceu com uma gravação de um encontro entre o general Jorge Armando Felix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e funcionários da Abin. O encontro foi gravado com conhecimento do general e dos demais participantes da reunião, o que demonstra que não se achou necessário grandes medidas de sigilo, além de um simples pedido do ministro. E, realmente, não há, na gravação, nada que mereça algo além da natural discrição.
Diz o ministro aos seus subordinados da Abin: “Infelizmente, tem ocorrido uma série muito grande de vazamentos, vazamentos ocasionados por colegas de vocês. Desde o vazamento que deu origem a toda essa celeuma, a essa reportagem. Foi vazada por um colega de vocês, está claramente na reportagem. De modo que a PF sabe quem vazou. Da mesma forma consta aqui que foi a mesma pessoa que vazou a outra reportagem que saiu na IstoÉ. De modo que vocês são homens e mulheres de inteligência e podem procurar saber quem foi. Fica o registro. Eu lhes peço que não deixem vazar”.
O que tem isso a ver com a existência ou não do suposto grampo no STF? O general não está apresentando o resultado de uma investigação. Apenas, expressa seu ponto de vista naquele momento, logo após a divulgação da conversa entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres. O que é evidente na gravação é que o general confiou demasiado na “Veja”. Naquele instante, ele supõe, como premissa, antes que haja qualquer investigação, que a “Veja” não está publicando uma fraude. O que demonstra que o general Felix é um homem de boa fé, mas nem por isso torna verdadeiro o grampo no STF. Pelo contrário. Tanto assim que o general supõe, também, que a PF já sabe quem vazou o suposto grampo, o que não se confirmou. E supõe, igualmente, que é verdadeira a matéria de “Istoé” sobre um ex-agente que teria realizado os grampos, história que se mostrou perfeitamente falsa.
“Veja”, sabe-se lá através de que meios, conseguiu essa gravação do general Felix na reunião com funcionários da Abin. Mas essa gravação não substitui a outra – a da conversa entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres. Como, então, “Veja” jamais conseguiu esta – que é a que realmente importa – embora tenha conseguido até uma gravação da cúpula do serviço secreto, crime que, em qualquer outro país do mundo, seria motivo para alguns anos de cadeia?
A resposta lógica é que a gravação do suposto grampo não existe. Ou não foi a Abin nem a PF que fizeram o grampo – por isso a gravação não foi apresentada, pois revelaria que seus verdadeiros autores não são os acusados por “Veja”. A outra hipótese seria a de que a conversa é uma completa fraude. Em qualquer dos casos, trata-se de uma farsa.
C.L.
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1 Comentário:
O pior eles nos julgam idiotas ou retardados. Indecentes não ficam envergonhados com tanta falta de escrúpulos. Abraços Yvy
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