Era só o que faltava, depois de derrubar avião do no centro de São Paulo, declarar morta antes do tempo estudante paulista baleada por ex-namorado e mais um sem número de manchetes espetaculosas, a toda poderosa Rede Globo de Televisão se envolve, mais uma vez, em mais um nebuloso escândalo. E dessa vez expôs o país e o próprio governo brasileiro a uma saia justa internacional.
Leia também na Folha On-line:
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Enquanto isso, hoje, apresentadores da Globonews fazem cara de paisagem e tentam requentar notícias de ontem que confirmam a versão da suposta vítima e de sua família.
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Berna (Suiça) - A moça brasileira tinha seus problemas e provavelmente se autoflagelou. É triste.
Rui Martins - 13-02-2009
Mais triste é o quadro da nossa imprensa irresponsável que mobilizou o país, levou o ministro das relações exteriores Celso Amorim a criticar um país amigo e Lula a quase criar um caso diplomático. É hora de denunciar a nossa grande imprensa sem deontologia, sem investigação, que afirma e desafirma sem qualquer cuidado e sem checar as notícias.
A agressão racista contra Paula Oliveira não foi um noticiario iniciado em Zurique, local da suposta agressão. Estourou no Brasil, detonada por um pai – e isso é muito compreensível – preocupado com sua filha distante. E a maior rede de televisão do Brasil, a Globo, vista por mais de uma centena de milhões de brasileiros, não teve dúvidas em transformar o caso na grande manchete do dia, fazendo com que outros milhões de brasileiros, no Exterior, já acuados pela Diretiva do Retorno, se solidarizassem e imaginassem passeatas e manifestações.
Essa é a maior barriga da história do nosso jornalismo, que revela o descalabro a que chegamos em termos de informação ou desinformação. Equivale ao conto do vigário do Madoff, ou das subprimes do mercado imobiliário americano. Só que o Madoff está preso, mesmo sendo prisão domiciliar e vivemos uma crise econômica, em consequência dos desmandos dos bancos americanos. Mas o que vai acontecer com a televisão Globo e todos quantos foram atrás ? Nada, vai ficar por isso mesmo.
Como um órgão de imprensa de tanta penetração pode se permitir divulgar com estardalhaço um noticiário de muitos minutos, reproduzido online, repicado por jornais, rádios e copiado por outras televisões sem primeiro checar no local ? Que jornalismo é esse que se faz sem qualquer investigação, sem se ouvir as partes envolvidas ? Sem deslocar antes um reporter para Zurique e entrevistar também o policial responsável pela ocorrência ? Sem ouvir a própria envolvida, fiando-se apenas no relato de um pai desesperado ? Sem pedir a opinião de um especialista em ferimentos e escoriações ?
Quem vai pagar o dano moral causado a essa jovem, que sem querer se tornou primeira página nos jornais ? Quem vai desfazer o ridículo a que se submeteu o nosso ministro Celso Amorim, que, baseado num noticiário de foca em jornalismo, sem ouvir acusação e acusado, ofendeu um país amigo exigindo que prestasse contas em Brasília por um noticiário tipo cheque sem fundo ? Quem assume o fato de quase levar nosso presidente a ficar vermelho de vergonha por se basear em noticiário sem crédito, com o mesmo valor de uma ação do banco Lehmann ?
E mais – o dano sofrido pela Suíça, em termos de imagem, justamente quando seu povo tinha justamente votado em favor dos imigrantes , quem vai reparar ?
Essa barriga da Globo, secundada pela grande imprensa, é prova do que se vem dizendo há algum tempo – não há credibilidade nessa mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista melhor. Não há responsabilidde no caso de erros, de noticiário mentiroso, vale tudo, o papel aceita tudo, a televisão transmite qualquer coisa, desde que dê Ibope – e existe melhor coisa que nacionalismo ofendido ? É o que os franceses chamam de "presse de boulevard", mentirosa, tendenciosa, com a opinião ao sabor das publicidades. Sem jornalismo investigadivo, sem confirmar as fontes, sem ouvir as opiniões divergentes.
Vão pedir a cabeça do redador-chefe ? Não, assim que se recuperarem da barriga, da irresponsabilidade cometida, da vergonha diante dos colegas, vão jogar tudo em cima da pobre jovem, que deve ter seus problemas e que a nós não compete saber, isso é vida privada, não é Big Brother.
É essa mesma imprensa marrom, que induz nossos dirigentes ao erro, que também publica qualquer coisa contra o quer chamam de “assassino desalmado” Cesare Battisti. A irresponsabilidade da imprensa é o pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações legislativas limitando os descalabros cometidos.
Escrever num jornal, falar numa rádio ou numa televisão e mesmo manter um blog constitui uma responsbilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades, nem ouvir-dizer, é preciso ir checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
A barriga da Globo vai ficar na história do nosso jornalismo, será sempre lembrada nos cursos de comunicação, tornou-se antológica, e nela estão entalhadas, por autoflagelação, as palvras que a norteiam – sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso do seu poder.
Existem, sim, problemas contra nossos emigrantes em diveros países, principalmente depois da criação da Diretiva do Retorno pelo italiano Silvio Berlusconi. Diariamente brasileiros são presos e mandados de volta, na Espanha, mas isso não mobiliza a nossa imprensa, não dá Ibope.
Rui Martins - 13-02-2009
Mais triste é o quadro da nossa imprensa irresponsável que mobilizou o país, levou o ministro das relações exteriores Celso Amorim a criticar um país amigo e Lula a quase criar um caso diplomático. É hora de denunciar a nossa grande imprensa sem deontologia, sem investigação, que afirma e desafirma sem qualquer cuidado e sem checar as notícias.
A agressão racista contra Paula Oliveira não foi um noticiario iniciado em Zurique, local da suposta agressão. Estourou no Brasil, detonada por um pai – e isso é muito compreensível – preocupado com sua filha distante. E a maior rede de televisão do Brasil, a Globo, vista por mais de uma centena de milhões de brasileiros, não teve dúvidas em transformar o caso na grande manchete do dia, fazendo com que outros milhões de brasileiros, no Exterior, já acuados pela Diretiva do Retorno, se solidarizassem e imaginassem passeatas e manifestações.
Essa é a maior barriga da história do nosso jornalismo, que revela o descalabro a que chegamos em termos de informação ou desinformação. Equivale ao conto do vigário do Madoff, ou das subprimes do mercado imobiliário americano. Só que o Madoff está preso, mesmo sendo prisão domiciliar e vivemos uma crise econômica, em consequência dos desmandos dos bancos americanos. Mas o que vai acontecer com a televisão Globo e todos quantos foram atrás ? Nada, vai ficar por isso mesmo.
Como um órgão de imprensa de tanta penetração pode se permitir divulgar com estardalhaço um noticiário de muitos minutos, reproduzido online, repicado por jornais, rádios e copiado por outras televisões sem primeiro checar no local ? Que jornalismo é esse que se faz sem qualquer investigação, sem se ouvir as partes envolvidas ? Sem deslocar antes um reporter para Zurique e entrevistar também o policial responsável pela ocorrência ? Sem ouvir a própria envolvida, fiando-se apenas no relato de um pai desesperado ? Sem pedir a opinião de um especialista em ferimentos e escoriações ?
Quem vai pagar o dano moral causado a essa jovem, que sem querer se tornou primeira página nos jornais ? Quem vai desfazer o ridículo a que se submeteu o nosso ministro Celso Amorim, que, baseado num noticiário de foca em jornalismo, sem ouvir acusação e acusado, ofendeu um país amigo exigindo que prestasse contas em Brasília por um noticiário tipo cheque sem fundo ? Quem assume o fato de quase levar nosso presidente a ficar vermelho de vergonha por se basear em noticiário sem crédito, com o mesmo valor de uma ação do banco Lehmann ?
E mais – o dano sofrido pela Suíça, em termos de imagem, justamente quando seu povo tinha justamente votado em favor dos imigrantes , quem vai reparar ?
Essa barriga da Globo, secundada pela grande imprensa, é prova do que se vem dizendo há algum tempo – não há credibilidade nessa mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista melhor. Não há responsabilidde no caso de erros, de noticiário mentiroso, vale tudo, o papel aceita tudo, a televisão transmite qualquer coisa, desde que dê Ibope – e existe melhor coisa que nacionalismo ofendido ? É o que os franceses chamam de "presse de boulevard", mentirosa, tendenciosa, com a opinião ao sabor das publicidades. Sem jornalismo investigadivo, sem confirmar as fontes, sem ouvir as opiniões divergentes.
Vão pedir a cabeça do redador-chefe ? Não, assim que se recuperarem da barriga, da irresponsabilidade cometida, da vergonha diante dos colegas, vão jogar tudo em cima da pobre jovem, que deve ter seus problemas e que a nós não compete saber, isso é vida privada, não é Big Brother.
É essa mesma imprensa marrom, que induz nossos dirigentes ao erro, que também publica qualquer coisa contra o quer chamam de “assassino desalmado” Cesare Battisti. A irresponsabilidade da imprensa é o pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações legislativas limitando os descalabros cometidos.
Escrever num jornal, falar numa rádio ou numa televisão e mesmo manter um blog constitui uma responsbilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades, nem ouvir-dizer, é preciso ir checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
A barriga da Globo vai ficar na história do nosso jornalismo, será sempre lembrada nos cursos de comunicação, tornou-se antológica, e nela estão entalhadas, por autoflagelação, as palvras que a norteiam – sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso do seu poder.
Existem, sim, problemas contra nossos emigrantes em diveros países, principalmente depois da criação da Diretiva do Retorno pelo italiano Silvio Berlusconi. Diariamente brasileiros são presos e mandados de volta, na Espanha, mas isso não mobiliza a nossa imprensa, não dá Ibope.
2 comentários:
Língua,
excelente post e muito pertinente sua percepção da barrigada jornalística e a analogia perfeita com o atual quadro da imprensa brasileira, que se pauta somente em dois vetores:
- sensacionalismo rápido, com ibope imediato.
- e noticiário político e partidário tendencioso com resultados a médio prazo, através do eventual pagamento de favores dos agraciados pelo jornalismo "isento e imparcial".
Resumindo: o negócio é grana e a qualquer custo, e sem escrúpulos.
Eles se pautam pelos pontinhos no Ibope e On-line. Cada acréscimo médio naquele horário aumenta o preço dos comerciais. É assim que a coisa funciona. Como se fosse uma linha de produção.
E que se dane o resto, aí incluindo a verdade, a ética, a informação analítica e educacional, e principalmente este "povinho admirador e eleitor do Lula".
p.s:
- valeu pelo post do Pimentel, com mais uma contribuição com meus comentários.Percebi que deu uma boa repercussão nos leitores.
- uma sugestão; quando sentir que o post é bom e vai repercutir, como este agora, deixe-o mais um tempo no topo, pois o link nos demais blogs amigos chama a atenção dos leitores, O Pessoal também gosta de colocar seus comentários nos primeiros posts para que outros possam ler e participar de suas opiniões.
- para o bem da nossa visão comum de mundo mais equilibrado e menos injusto esperamos que amanhã o meu Galo quebre a série de vitórias do seu Cruzeiro. Se não estará provado que o "rio corre para o mar", que o "capitalismo é acumulativo" e assim por diante! Portanto, como bom esquerdista que é acreditamos que torcerá com menos fervor por mais uma derrota do "Glorioso" e a conseguente má distribuição futebolística de resultados e de alegrias ao povo, não é mesmo?
Um abraço,
E o que dizer do resto da imprensa (com destaque para a televisiva), que foi atrás como bezerrinhos amestrados, repetindo os mesmos erros e, depois, enxugando o mesmo gelo?
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