O ESTADO DE MINAS, PASSARINHO E SARNEY, Fernando Massote

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Se o Professor Fernado Massote não tivesse escrito isso, devo confessar, jamais teria reparado. Como pude ser tão ingênuo!

Só falta agora caríssimo Professor, o Estado de Minas copiar aquela genial ideia do do Sr. Medioli e, tascar uma bunduda gostosona na capa, todos os dias, para ver se assim aumenta a "utilidade" do "grande jornal dos mineiros" e, claro, turbine a diminuta tiragem do panfletóide da Rua Goiás.

Visite o blog do Professor Fernando Massote, este notável observador do jornalismo esgoto de Minas Gerais.

O jornal Estado de Minas, assíduo freqüentador do confessionário da Opus Dei, na Universidade de Navarra, fez mais uma reforma. Os textos e os caracteres diminuíram e as fotos se agigantaram. Ele tem agora uma boa desculpa para a vacuidade de suas páginas: se houvesse pensamento não haveria lugar para as fotos… A diagramação ficou toda quadrada, em todos os sentidos, com especial destaque para os pejorativos. Um amigo se cansou de pescar no deserto e concluiu: “é difícil encontrar o que ler naquele jornal”…

O nome de maior destaque entre os cronistas do jornal é o do eterno coronel Jarbas Passarinho, que ficou famoso por ter balbuciado, na sinistra reunião de 13 de dezembro de l968, enquanto assinava o AI-5: “Ao diabo (ou coisa parecida que pode também ter sido “à m…”) todos os escrúpulos de consciência”!… E ele conta isto no tom e nos termos de uma paráfrase de Napoleão à frente de seus soldados diante da Pirâmide de Ghizet, no Egito, em 21 de julho de l897: “…Vinte séculos vos contemplam!”…

Com esforços argumentativos cansativos, estereotipados e apoiado numa literatura de direita, saudosista da guerra fria, à la Raymond Aron e outros colaboradores menores da CIA, o coronel não consegue disfarçar a sua subserviência à ditadura. Diz ele, com efeito, confessando-se o lambe-pés dos generais que sempre foi, que “Nenhum ministro civil teria condições de contestar os ministros militares e seus chefes de Estado-Maior” sobre AI-5! E acrescentou, remoendo, inaudivelmente, as palavras, “muito menos eu”!…

Passarinho disse num programa televisivo, que suas mãos estavam “livres do sangue de qualquer adversário”. O Filho de Vladmir Herzog, participando do mesmo programa, respondeu, emocionado: “me desculpe, mas as suas mãos não estão limpas. O senhor foi conivente com o regime que matou meu pai, então as suas mãos estão tão sujas quanto as da pessoa que deu choque e o matou.” Referindo-se ao AI-5 que abriu o período de terror mais aberto da ditadura, reiterou: “O senhor assinou junto com aquelas pessoas um modelo de Estado que permitiu que pessoas como o meu pai e Manoel Fiel Filho (metalúrgico morto por tortura em janeiro de 1976) fossem assassinadas. O senhor foi conivente com aquilo lá. Isso daí a gente não pode esquecer”.

Outro, que também é eterno (enquanto dura…), é o José Sarney, que, num dos seus últimos artigos, jurava, de pés juntos e regozijando-se, que George W. Bush era um dos seus mais assíduos leitores!… Alguém me disse: “– Eu acredito. Nos textos de Sarney não há mesmo o que interpretar!…”

Outro que entende de Sarney é o amigo Carlos Alberto – autor de crônicas esquisitas, (se disser mais vocês o identificam!…) não no sentido português, do termo, mas no sentido francês de exquis, do espanhol esquisito, italiano exquisito, ou seja: excelentes, preciosas, deliciosas. Diz ele que Sarney “desabona, com a sua presença, a Academia Brasileira de Letras. Não entendo como o aceitaram lá. Escreve muito mal.”

Mas no Estado de Minas escrevem também outros que não são nem tão coronéis e nem tão eternos quanto os já citados. Eles fazem bem em fechar os olhos e as narizes para o que ali ocorre!…

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