VINGANÇA É UM PRATO QUE SE COME FRIO

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Dilmin, a vingança de Alckmin

A história começa lá atrás quando Alckmin despontou para a política pelas mãos de Mário Covas. Eleito na leva de prefeitos do PMDB na década de 70, Geraldo Alckmin começou sua carreira política de vereador em 1972 e em 1976 se elegeu prefeito em Pindamonhangaba, no vale do Paraíba, São Paulo.

Tendo o padrinho Covas, que sempre meio independente e com voz ativa no partido enfrentava um grupo mais a direita desde o início do PSDB.

Em 88, durante a Constituinte, Covas teve um posicionamento mais ao lado dos interesses dos trabalhadores e Serra contra.

Com pouco mais de um ano de existência os tucanos lançaram o nome de Covas em 89, candidato a presidente, e ficou em 4º lugar em uma eleição que teve quase 20 candidatos, Lula e Collor foram para o 2º turno, aí já foi o primeiro racha no ninho tucano. Covas apoiou Lula e parte do PSDB ficou neutra e a grande maioria coloriu.

Uma fatia do PSDB, liderada pelo senador Mário Covas, em 1994 sentia tamanho horror em subir no mesmo altar eleitoral do PFL e quase romperam o acordo costurado por FHC. Durante seu governo em 1996, rompeu com o PFL (hoje DEM) e pediu todos os cargos em que o partido ocupava em seu governo.

Como governador de São Paulo na era FHC, manteve uma relação tensa com o Palácio do Planalto, particularmente com a área econômica do governo, nos episódios envolvendo o Banespa, a edição da chamada lei Kandir e a prorrogação do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), todos com impacto negativo nas finanças estaduais.

Durante o governo FHC, Covas sempre entrou em conflito com a equipe econômica do governo tucano, principalmente o ministro da Fazenda, Pedro Malan, fato que sempre irritou o então ministro do Planejamento, José Serra.

Procurando evitar o confronto, Serra torcia o nariz, mas não encarava uma briga de frente com o carrancudo Covas e líder tucano respeitado até por outros partidos.

Em uma disputa acirrada Mário Covas vai para o 2º turno em 1998, contra Maluf, e lideranças progressistas também o apoiaram, Covas que estava em 2º lugar, virou e venceu as eleições para governador.

Em 2000, pouco antes de ver seu quadro de saúde se agravar, Covas apóia Marta Suplicy no 2º turno para a prefeitura da capital, e Marta vence a eleição contra Paulo Maluf. Serra também não gostou do apoio explicito de Covas.

A liderança de Covas ofuscava Serra que mantinha um relacionamento não muito afinado com Covas e quando este veio a falecer assumiu o vice, Geraldo Alckmin. A confiança de Covas em Alckmin começou quando este era o seu coordenador de campanha entre os prefeitos do interior paulista.

Depois de enfrentar o presidente Lula em 2002 e perder, em 2006 Serra tinha em mente disputar novamente, mas Alckmin venceu a convenção, disputou com Lula e os tucanos perderam novamente.

Serra achava que teria mais chances de ganhar a eleição, mas Serra não é muito bom de voto em convenções, por isso que evitou enfrentar Aécio Neves em convenção no ano passado que escolheria o candidato dos tucanos .

O jeito mais simples de Alckmin, e que segundo dizem foi herdado de Mário Covas, que sempre contrastou com o visual mais enfadonho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O fato já foi mencionado muitas vezes em tom de crítica a Alckmin pela massa cheirosa tucana.

Em 2008, na última eleição para prefeitura paulistana apesar das boas chances de Alckmin, Serra tramou um acordo com os demotucanos em torno de Kassab do DEM, o que seria mais conveniente ao seu projeto presidencial.

Mas Alckmin, com quem o Serra sempre teve relação ruim, deveria ser candidato natural dos tucanos a prefeito. Até esse ponto, seria uma situação fácil para Serra administrar.

Mas as coisas andaram saindo dos trilhos. Alguns tucanos declararam que votariam em Kassab. Alckmistas ameaçaram pedir punição para dissidentes. A crise no PSDB paulista se agravou.

O que era ótimo para o discurso de conciliação nacional do então governador de Minas, o também tucano Aécio Neves. Para Serra, uma vitória de Alckmin seria inconveniente. Ela fortaleceria a eventual candidatura de Aécio.

Mas uma derrota de Alckmin poderia se transformar num negócio ainda pior, a depender dos termos em que ela viria a ocorrer, a imprensa golpista não mostrou do jeito que deveria, afinal o partido de Serra, o PSDB ficou fora do 2º turno disputado entre Kassab e Marta. O que demonstra mais uma vez que por seus caprichos passa por cima até de seu partido.

A fama de Serra aumentou e fez jus aos fatos ao mostrar ser um político que atropela tudo e a todos. Até há pouco mais de um ano, Alckmin estava às voltas com um isolamento dentro da própria sigla.

A derrota teve um gosto ainda mais amargo para Alckmin ao constatar que, em São Paulo, seu eleitorado minguara no segundo turno em 2006, como caiu em todo Brasil. Depois da derrota mais isolado, submergiu e voltou a ser médico e a dar aulas.

Muitos prefeitos do PSDB e DEM estiveram em Campinas apoiando Dilma em ato suprapartidário que gerou dor de cabeça no comando da campanha de Serra, em Jales também ocorreram casos de apoios de prefeitos da base de Serra a Dilma.

Alckmin não se manifestou a favor de punição aos prefeitos do PSDB e muito menos ao DEM, quem manda nos demos em São Paulo é Kassab, e Alckmin deve preferir manter distância de quem lhe tirou a cadeira na prefeitura há dois anos.

Serra queria que Aloysio Nunes fosse o candidato a governador, só não foi porque Alckmin é articulado com os prefeitos tucanos no interior.

Serra não gosta de Alckmin, e o rejeitado o trata na base do "me engana que eu gosto", acredito que deve passar na cabeça de Geraldo Alckmin que chegou a hora de dar o troco, ainda mais que passou a criticar os preços altos dos pedágios e irritou Serra.

Pelo andar da carruagem não estranharia se começar a se espalhar pela população que São Paulo vai seguir Minas, quando associaram o nome de Dilma ao candidato a governador de Aécio, o tucano ex- governador Anastasia, Dilmasia lá, Dilmin em São Paulo. Se Alckmin estiver pensando em vingança, a hora é essa.

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