EDITORIAL I: VIAGEM AO CANADÁ
Por Geraldo Elísio
“As melhores mentes estão caladas com medo de rejeição num mundo onde predomina o comum.” - Maria Clara Pires Queiroz.
Estranho país o Brasil! O delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, hoje deputado federal pelo PC do B de São Paulo, fazendo um belíssimo trabalho no sentido da transparência e da moralidade prendeu o execrável Paulo Maluf, o abominável banqueiro -condenado Daniel Dantas (valem os superlativos) e outros bandidos mais e quase foi ele próprio massacrado.
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, segundo o jornalista Ricardo Noblat, ministro que dispõe de capangas, segundo o seu colega Joaquim Barbosa, exemplo de homem de bem, nascido em Paracatu, Minas Gerais, que disse alto com todas as letras para todo o Brasil ouvir, através do sistema de televisão do STF, em tempo recorde de 48 horas exarou dois habeas corpus a favor do banqueiro condenado.
O ministro Joaquim Barbosa quase foi linchado por dizer o que falou, sem contar manifestações racistas emitida da tribuna da Câmara dos Deputados.
A ministra corregedora do Conselho Nacional de Justiça, Eliana Calmon, fez o Brasil conhecer a existência de “bandidos de toga” e, mais do que “Beatriz”, está conhecendo as amarguras do inferno descrito por Dante. Se depender dos ministros César Peluso, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Melo, o CNJ já tem passagem comprada para o Canadá. Só de ida, ao contrário de Luíza.
O juiz Fausto De Sanctis, que assinou a ordem de prisão de algumas “personalidades”, “caiu para cima”, evitando que os “dondôcos” sejam de novo incomodados por ele.
Triste Brasil! Onde todos reclamam da corrupção, mas, ressalvadas as honrosas exceções, só o fazem até quando não lhes surge uma oportunidade de se corromper também. Onde os corruptos de todos os gêneros estão no lugar que ocupam via sufrágio universal, direto e secreto com os quais nós os elegemos.
Pobre Brasil, onde em cada lugar um exemplar, à moda boi de piranha, é escolhido para ser satanizado enquanto o resto faz muito mais e pior do que ele na firme convicção de que o pecado dos outros nestes torna-se uma virtude beática, chegando mesmo a aliar-se em função de interesses comuns.
Coitado do Brasil! Onde homéricas discussões animam mesas de botecos em memoráveis tertúlias a envolver “assuntos relevantes” do nível “meu corrupto é melhor do que o seu”.
Pobre Brasil! Onde Fernando Henrique Cardoso, o fraudador da dívida externa brasileira, segundo o deputado federal Protógenes Queiroz, implanta, sob o comando do agora senador Aécio Neves, o Fator Previdenciário, sentença de eutanásia econômica para os aposentados.
Brasil estranho! Onde as classes patronais têm como maiores aliados expressões sindicais para a concepção de sua continuidade de poder. Alie-se a mim que você mandará também. Brasil esquisito! Em que a Constituição, sem nunca ter participado de um Big Brother, é estuprada segundo a segundo, minuto a minuto, entra ano sai ano e, da mesma forma que na “casa mais vigiada do Brasil”, igualmente de público, via rádio, jornais e televisões.
Porquê o PIG (Partido da Imprensa Golpista) mais do que tudo é genuinamente nacional. Afinal, como diz uma grande amiga “putaria hoje virou profissão”, discordo, porque sempre foi e talvez a novidade seja a sua prática em plenários diversos e via televisão - desculpem o vernáculo. Mas o ex-presidente da República, Jânio Quadros, talvez parodiado Charles De Gaulle que dizia sobre o Brasil, “next cest pax um payx serieux”, não é um país sério, afirmava igualmente não sermos sérios porque “aqui até prostituta tem orgasmo.
Pobre Brasil sado-masoquista, onde elegemos toda essa gente que por sua vez nomeiam outros para depois ficarmos reclamando de os termos colocado lá, contentando-nos em protestar atrás de copos de chopp ou cerveja, o melhor lugar que encontramos para fazermos nossas revoluções, silenciando quando algum incômodo indaga se os acusadores de plantão dispõem de moral suficiente para atacar os acusados.
No belo poema Quadrilha, o poeta gouche Carlos Drumond de Andrade afirma: “João amava Teresa que / amava Raimundo que amava Maria / que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém. / João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, / Maria ficou para tia, / Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes /
que não tinha entrado na história.”
Da mesma forma que a CVC, uma grande companhia de turismo brasileira que nada tem a ver com essa história toda, mas bem que poderia organizar um pacote para levar Fernando Henrique, Jader Barbalho, Aécio Neves, Fernando Pimentel, Luís Inácio Lula da Silva, Geraldo Alkimim, Márcio Lacerda, José Sarney, Antonio Anastasia, José Serra, Walfrido dos Mares Guia, quanta gente meus Deus (?) para o Canadá.
Quem tiver mais sugestões que amplie a lista. Talvez a CVC possa abrir inscrições para a colaboração de todos os brasileiros – eu abro a lista - que apenas exigem que as passagens sejam somente de ida, sem direito ao retorno deles, como aconteceu com a inocente Luíza. E que me perdoe o povo do Canadá.
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