"VETA, DILMA!" - CONVENHAMOS, O TIO REI ESTÁ COBERTO DE RAZÃO

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05/05/2012
 às 20:43

Se Camila Pitanga tivesse a cara da Zezé Macedo, sua exortação autoritária e irresponsável seria a mesma! Preconceituosa é ela, não eu!

Gostem ou não do que escrevo, uma coisa é fato: eu me expresso com clareza. Respondo pelos meus textos, não pela interpretação de alguns leitores. Se há gente que consegue reproduzir o som das palavras, mas não entende o seu sentido quando articulada numa frase, aí a responsabilidade não é minha.
Vivo aqui a proclamar, diga-se: “As palavras fazem sentido!” Figuras públicas do mundo da política, das artes, do entretenimento etc querem dizer o que bem entendem sobre questões relativas à vida em sociedade, mas não aceitam a reação. Basta que alguém as conteste, e lá vem o chororô: “Estão tentando me censurar!” Por que isso? Escrevi aqui ontem um texto sobre a fala de Camila Pitanga na solenidade de entrega da baciada de títulos de “Doutor Honoris Causa” a Lula. “Quebrando o protocolo”, como ela advertiu que faria, exortou: “Veta, Dilma”, referindo-se à campanha de setores da esquerda e dos ecobobos em favor do veto ao Código Florestal. Escrevi, então, um texto em que também faço uma exortação: “Estuda, Camila!”
O post foi muito comentado — alguns com restrições ao meu ponto de vista. Excluí, como sempre, os que entram aqui ou para ofender ou para me atribuir o que não escrevi. Lamento! Não tenho o que fazer com gente que não entende o que lê. Não, eu não chamei Camila de “bonita e burra” (quer dizer, de “bonita”, sim! Linda mesmo!). Também não apontei uma contradição entre beleza e inteligência. Ao contrário: ao citar um dos textos de Thomas Mann de que mais gosto, “Tonio Kröger”, fixei-me mais no enigma da beleza (tema também de “Morte em Veneza”) — as duas novelas foram editadas no Brasil num mesmo volume. Preferi dar relevo ao fascínio que ela desperta, o que conduz a uma maior tolerância. Não tenho estatísticas a respeito, mas suponho que haja mais pessoas feias e inteligentes do que bonitas e inteligentes porque há mais feios do que bonitos no mundo… Mas isso quer dizer que também deve haver mais feios e burros do que feios e inteligentes… Beleza e feiura não condicionam pensamento. É o que escrevi.
Também me chamaram de autoritário. “Então Camila Pitanga não teria o direito de dizer o que pensa?” Ora, claro que sim! E eu tenho o direito de dizer o que penso do que ela pensa. O problema está no verbo “pensar”. Já chego lá. Quero me estender um pouco sobre o autoritarismo. A solenidade em questão nada tinha a ver com Código Florestal. O tema era outro. Não havia espaço para o debate e o contra-argumento. Logo, Camila, que é bela e está longe de ser burra, sabia muito bem que falaria sem contestação e que sua exortação sairia daquelas quatro paredes. Assim, um texto legal é aprovado depois de um amplo debate na sociedade, passa por três votações no Congresso, mobiliza milhares de pessoas, e, democraticamente, Dona Camila dispara o seu “Veta, Dilma!” sem que se possa ouvir a voz contrária: “Não vetes, Dilma”. Quem é mesmo o autoritário?
Mais: ela está falando como especialista em meio ambiente? Como, vá lá, ao menos uma conhecedora da causa? Não! Está pondo em prática o truque manjado de recorrer à notoriedade conseguida em uma área para falar como autoridade em outra. A sua é a voz de um cidadão qualquer, do homem na rua? Não! Ela fala na esperança de que outros a sigam, a tenham como referência, porque, afinal, é Camila Pitanga!!! Estivesse ali fazendo alguma reivindicação de sua categoria ou fazendo alguma exortação ligada à sua profissão, bem! Mas não é nada disso. A SUA AUTORIDADE DECORRE JUSTAMENTE DO FATO DE NÃO TER AUTORIDADE NENHUMA. Quem é mesmo o autoritário? Ou, agora, vamos convidar o deputado Paulo Piau (PMDB-MG), relator do código na Câmara, para dirigir filme e novela? Suponho que um Código Florestal ao gosto de Camila seria tão bom para o meio ambiente e a produção de alimentos quanto seria boa para a dramaturgia a direção artística de Piau… 
Estuda, Camila!Agora vamos ao “Estuda, Camila!” Os bestalhões entenderam que estou chamando a moça de burra. Não! Eu só a chamei de bela, reitero! Na verdade, eu a considero o rosto mais bonito da TV. Questão de gosto, sei disso — é o meu. Não sugeri que seja uma ignorante em sua área ou que vá estudar os métodos de Stanislavski, Grotowski ou Brecht (já me interessei por isso, fui ator amador e tenho enorme bibliografia a respeito…). Talvez seja uma verdadeira Schopenhauer da área. Eu a exortei a estudar o texto do Código Florestal mesmo! Eu aposto o mindinho — e não o perderei — que ela não sabe o que foi aprovado, a exemplo da imensa maioria que aderiu ao “Veta, Dilma!” Eu aposto que ela está chamando de “anistia” o que anistia não é. Eu aposto que ela ignora que há culturas tradicionais, que remontam a mais de século, em áreas que os ambientalistas querem reflorestar. Ocorre que há milhares de famílias vivendo nessas regiões. O que se vai fazer com elas?
Autoritário, isto sim, é aderir a uma causa que pode prejudicar milhares de pessoas — e isso nada tem a ver com o agronegócio, que está dentro da lei, segundo o Código antigo ou o novo — sem medir direito as consequências. Eu mesmo cheguei a dizer aqui que o texto aprovado no Senado, com algumas alterações, era aceitável. Mas daí a considerar que ele cria uma catástrofe ambiental, ah, isso não! Aí é ignorância mesmo! Se Dona Camila Pitanga me apontar um país no mundo, um só, que tenha uma legislação tão “avançada” na defesa do meio ambiente e tão restritiva à expansão da agricultura e da pecuária, então eu começarei a considerá-la uma interlocutora aceitável nessa questão, tenha ela a cara de Camila Pitanga ou de Zezé Macedo — uso a  “Bishshshshcoito” como referência porque ela mesma se tinha como exemplo de feiura.
Não, senhores! O problema de Camila Pitanga não está nem em ser bela, o que ela é, nem em ser burra, o que não sei se é. E isso também não é do meu interesse. Seu problema está em usar as suas faculdades de celebridade para falar sobre um assunto cujo conteúdo claramente ignora. Ou, então, que participe ativamente do debate, que faça mesas redondas,  mas enfrentando pessoas que tenham um pensamento diferente.
Autoritária é ela: faz uma exortação, abusando da condição de “celebridade engajada”, não se expõe ao contra-argumento nem precisa entrar no mérito da causa que abraça. Já nos bastam os anos de mistificação no Brasil e mundo afora sustentada no que nunca deixou de ser uma hipótese: a tal “mudança climática”, que já foi “aquecimento global”. Quanto apanhei por contestar esses bananas, Deus meu! Agora, James Lovelock, aos 92 anos, o guia espiritual dos aquecimentistas, diz: “Erramos” . E afirma que os cientistas das universidades só não admitem o erro porque vão perder financiamento! Quem tornou o “aquecimento global” uma “causa global”? As celebridades! Aquele tontalhão do Al Gore (que chamo “Al Bore”) ganhou até um Oscar anunciando o fim do mundo. 
Não entendem Thomas Mann? Parafraseio Eduardo Dusek: “Troque uma causa inexistente por uma criança pobre!” 
Por Reinaldo Azevedo

1 Comentário:

marola disse...

Relógio parado pelo menos está certo 2 vezes.

 

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