As falhas na distribuição de energia elétrica pela Cemig na capital mineira levantadas pelo Hoje em Dia, depois de receber reclamações de empresários que tiveram prejuízos com os frequentes “apagões”, precisam ser corrigidas. Os mineiros têm orgulho de sua principal estatal, criada pelo governador Juscelino Kubitschek no início da década de 1950, e querem continuar confiando em sua eficiência, que é histórica.

Grifo meu
A Cemig não vive seus melhores momentos. Sua administração tem concentrado as atenções no esforço de superação dos estragos causados pelo anúncio feito no dia 7 de setembro de 2012 pela presidente Dilma Rousseff, ao prometer, em pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, baixar de uma hora para outra os preços da energia elétrica.

O que mais baixou, no entanto, foi o valor de mercado das empresas de energia elétrica. E a Cemig, que tem ações negociadas desde 1993 na Bolsa de Nova York, foi a que mais sofreu. Cálculos feitos em janeiro de 2013 mostraram que em apenas quatro meses, desde aquele anúncio, o valor de mercado das 34 empresas do setor elétrico no Brasil caiu 18% – uma perda de R$ 95,4 bilhões na cotação do total de suas ações negociadas em bolsa. Para a Cemig, o valor caiu 34%, ou R$ 9,9 bilhões.

Uma grande perda para uma empresa que investe muito, pois o bom desempenho no mercado acionário é muito relevante na busca de financiamentos a custos baixos.

É quase tão importante quanto o bom conceito da empresa junto aos chamados stakeholders, que são os acionistas, os empregados, os fornecedores, os clientes e todos aqueles interessados nas atividades da companhia. Inclusive o governo, que cobra impostos.

Nunca é demais lembrar que confiança, um valioso ativo intangível de qualquer empresa, é de difícil recuperação, quando perdida. Isso está longe de acontecer com a Cemig, apesar dos problemas relatados.

Em resumo, a qualidade da energia entregue em cinco das 13 áreas de distribuição da Cemig em Belo Horizonte, nos 11 primeiros meses de 2013, não é satisfatória. Nesse período, os moradores dessas áreas ficaram no escuro durante 11 horas e 13 minutos, em média. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) admite, em um ano, média de até 12 horas e sete minutos. Não há ainda dados para dezembro, mas a estatal corre o risco de ter ultrapassado esse limite no ano.

A empresa tem investido em Belo Horizonte na melhoria da rede de distribuição subterrânea. Seu plano para o período de 2011/2014 prevê investimentos de R$ 103,6 milhões nessa rede. Os “apagões” ocorrem principalmente nos bairros periféricos, onde essa rede mais confiável não foi construída.
Para outro problema, apontado na reportagem do HD, existe uma solução bem eficaz: a Escola de Formação e Aperfeiçoamento Profissional da Cemig, em Sete Lagoas.