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Lambido do blog do Provocador


FOTO 1 Cada povo tem a bandidagem que merece
Chamar de barbárie o que está acontecendo nas prisões maranhenses é insuficiente. Algo infindamente mais grave está acontecendo em nosso País, debaixo de nossos queixos caídos com tamanha violência. O grau de selvageria e crueldade a que chegaram os criminosos gerados em nossa Pátria é algo que deveria deixar muito, muito preocupados os cidadãos que se julgam honestos e civilizados.
Já comentei aqui que temos os bandidos mais sádicos do mundo democrático. Cair nas mãos de um sequestrador paulista, um traficante carioca ou um companheiro de cela no Complexo Penitenciário de Pedrinhas é a mesma coisa: você poderá ser queimado vivo, torturado ou decapitado. Esse cenário medieval está em todos os cantos. Não tenhamos ilusões.
O horror no Maranhão grita por nossa atenção porque tudo acontece sob a responsabilidade de um governo estadual que se recusa a assumir a situação de calamidade. Mas, para quem conhece a capitania hereditária dominada há décadas pelo clã Sarney, isso não é nenhuma novidade. Quem trata presos como  animais não pode ficar chocado quando eles agem como animais.
Esse meu comentário anterior é apenas um esforço pretensamente sociológico (e condescendente) de explicar a situação. Tornou-se ingenuidade, chega a ser desonesto, em nosso Brasil, justificar o nível de brutalidade a que estamos sujeitos apenas a partir da cartilha dos direitos humanos ou dos manuais econômicos de esquerda ou direita.
Já passamos desse estágio em que reverteríamos os danos de uma sociedade injusta e feudal apenas com planos de geração de emprego e de acesso à educação — até porque (descontada a indigência de nosso mercado de trabalho e, principalmente, de nossas escolas) atingimos a menor taxa de desemprego da história e estamos prestes a colocar 95% de nossas crianças nos bancos escolares.
Nosso problema, portanto, é de natureza bem mais complexa. Nosso sistema penitenciário (que precisa de um choque de civilidade urgente, crucial) recolhe o lixo humano que perambula e age pelas ruas. Boa parte dos detentos já chega aos presídios psicopata. Lá dentro, só piora — e isso poderia ser amenizado se tivéssemos de fato um ambiente de ressocialização. Mãos à porta, portanto.
Mas o problema maior está do lado de fora. A sociedade brasileira está doente. Basta ver como se comportam as hordas de “pessoas do bem” que, na primeira oportunidade, partem para linchamentos, assassinatos passionais, agressões e pancadarias, seja numa batida de trânsito, na porta de uma delegacia, num estádio de futebol, no anonimato das multidões ou na privacidade do lar. O brasileiro se tornou um povo violento, vingativo e muito, muito cruel.
A nossa pretensa cordialidade é uma lenda urbana (ou rural) que há muito perdeu qualquer ligação com a realidade. Enquanto não admitirmos isso, será impossível reverter o apocalipse social que se avizinha. Cada povo tem a bandidagem que merece.

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