Frederico Haikal/Hoje em Dia
violência em minas
População cobra respostas das autoridades diante do avanço da criminalidade

A cada duas horas, a bandidagem tira a vida de um mineiro. Por dia são 11 assassinatos nos 29 municípios com mais de 100 mil habitantes. As médias integram o Informativo de Criminalidade Violenta 2013, divulgado pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). No ano passado foram 4.163 homicídios. Desde 2005 não se registrava um número tão expressivo de mortes.
 
Há oito anos, 3.825 pessoas perderam a vida de forma criminosa. Considerando o crescimento da população, a taxa para cada grupo de 100 mil habitantes era 15,9 em 2005 e pulou para 20,1, em 2013. Além dos óbitos, as ocorrências de roubos, extorsões e estupros também apresentaram aumento.
 
Das 29 cidades analisadas, houve queda dos crimes violentos só em sete. Passos, no Sul de Minas, registrou o maior decréscimo. Na outra ponta está Itabira, na região Central, que lidera com folga os indicadores criminais. Lá, as ocorrências mais que dobraram em 12 meses, passando de 173 para 393. Forças de segurança e especialistas da área são unânimes em apontar o tráfico de drogas e o envolvimento de menores como principais motivos para o crescimento da violência.
 
Caso não ocorram mudanças urgentes na legislação e a forma de atuação da polícia não seja revista, a criminalidade tende a avançar e não dará sinais de trégua. A análise é do sociólogo e coordenador de pesquisa em segurança pública da PUC Minas, Luiz Flávio Sapori. “As polícias Militar e Civil de Minas não trabalham de forma integrada e esta ação, que possibilita a troca de informações, é o primeiro passo a ser tomado. Depois é mudar a legislação, que facilita a volta de criminosos às ruas”, defende Sapori, que também criticou a capacidade ostensiva e investigativa das forças de segurança. Segundo ele, a reposição de profissionais por questões de aposentadoria não tem sido feita.
 
Para Sapori, a população está acuada e descrente de uma solução. As palavras dele vão ao encontro do pensamento do estudante de Tecnologia da Informação, Rodrigo Pereira, de 20 anos. Morador de Santa Luzia, na Grande BH, ele foi vítima de um assalto em novembro do ano passado. “Roubaram meu carro, celular e dinheiro. Tudo isso em plena luz do dia. Nada foi feito e os bandidos continuam soltos”, diz o universitário.
 
Na cidade onde ele mora, os crimes violentos aumentaram 17,3%, passando de 842 em 2012 para 988 no ano passado. 
 
Governo promete R$ 600 mi em investimentos
 
Na tentativa de frear a ação dos criminosos, o governo de Minas promete investir R$ 600 milhões até o fim deste ano. Seis mil novos policiais civis, militares e bombeiros serão integrados às corporações. Em resposta aos alarmantes índices, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) contrapõe que, entre as cidades do interior, apesar do aumento dos crimes violentos, houve queda nos homicídios em 18 dos 28 municípios analisados.
 
Segundo a pasta, entre as ações desenvolvidas e que serão potencializadas em 2014 está o aumento de operações realizadas pelas polícias, em especial as “Impacto” e “Divisas Seguras”, que têm a parceria de Ministério Público e polícias Rodoviária Estadual e Federal.
 
Nestas operações há expedição de mandados de prisão e cautelares de busca e apreensão, além de abordagens de rua. Somente em 2013, as duas operações prenderam mais de 900 pessoas. A Seds ainda destaca a importância de programas sociais, como o Fica Vivo, que será ampliado em 2014.
 
Leia na edição de segunda-feira a situação em Itabira, cidade que teve o maior salto no percentual de crimes violentos