Candidato de Aécio em Minas é alvo da Polícia Federal
Alex Capella – Especial para o Estado de São Paulo
BELO HORIZONTE – O ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, pré-candidato do PSDB ao governo de Minas, prestou no fim de março depoimento na Polícia Federal, em Brasília, em um inquérito que apura o repasse de recursos da SMPB, de Marcos Valério Fernandes de Souza, no mensalão mineiro. O tucano admitiu ter recebido R$ 300 mil da agência de publicidade, mas disse que o valor se referia ao pagamento por serviços de advocacia. O tucano, que foi eleito deputado federal em 1998, não apresentou comprovação dos serviços.
Segundo a PF, Pimenta cumpriu carta precatória expedida pela Superintendência da corporação em Minas, que instaurou uma investigação no ano passado. O inquérito é um desdobramento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República em 2008 e apura outros repasses da SMPB.
Na acusação formal, o Ministério Público Federal apontou que a campanha à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, foi abastecida por um esquema de arrecadação ilegal de recursos que envolvia a agência de Valério. Pimenta da Veiga não foi denunciado.
Porém, citado no inquérito original da PF, ele passou à condição de investigado no novo procedimento instaurado em 2013. “Como você prova exames de contratos, documentos internos da empresa? É impossível. Anos depois querem saber de documentos”, criticou o tucano, que se disse vítima de uma “manobra eleitoreira”.
Pimenta alega que na época em que recebeu o dinheiro estava afastado da vida pública, exercendo a advocacia. O tucano afirma também que declarou os recursos no Imposto de Renda. Após concluir o inquérito, a PF vai encaminhar o relatório para a Procuradoria da República em Minas, que analisará se há provas suficientes para denunciar o pré-candidato do PSDB por lavagem de dinheiro.
Pimenta classificou como “estranho” o fato de ter prestado novo depoimento à PF. “Onze anos depois pediram novos esclarecimentos. É uma manobra eleitoreira. Salta aos olhos”, afirmou o ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso.
A PF rastreou depósitos feitos pela agência de Marcos Valério à conta de Pimenta.
Empréstimo. Durante a comissão parlamentar mista de inquérito dos Correios, em 2005, foi encontrado um contrato de empréstimo de R$ 152 mil contraído pelo ex-ministro no Banco BMG de Belo Horizonte no qual figuravam como avalistas Marcos Valério e sua ex-esposa Renilda Santiago.
Em fevereiro, Eduardo Azeredo (PSDB) renunciou ao mandato de deputado federal. Com a perda do foro privilegiado, o Supremo decidiu transferir para a 1.ª Instância, em Minas Gerais, a ação penal contra o ex-governador, acusado dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu pena de 22 anos de prisão para o ex-deputado. Azeredo alega inocência e diz que é “bode expiatório” de uma “ação que tem contaminação política”.
Foi Pimenta da Veiga quem proporcionou que Azeredo disputasse sua primeira eleição, como candidato a vice-prefeito de Belo Horizonte na chapa vitoriosa em 1988. Um ano e meio depois, ele assumiu a prefeitura da capital mineira após Pimenta renunciar para disputar o governo do Estado. O tucano perdeu a eleição daquele ano – 1990.
Abaixo, trechos da entrevista com Pimenta da Veiga:
1. O que o senhor achou dessa nova convocação da Polícia Federal?
É uma ação orquestrada, simplesmente eleitoreira. Onze anos depois me chamam para falar de um assunto que já tinha sido esclarecido. É no mínimo estranho.
É uma ação orquestrada, simplesmente eleitoreira. Onze anos depois me chamam para falar de um assunto que já tinha sido esclarecido. É no mínimo estranho.
2.Orquestrada por quem?
Não sei quem encabeça isso.
Não sei quem encabeça isso.
3.E como foi o tratamento dado pela Polícia Federal?
Me fizeram lá duas ou três perguntas e só.
Me fizeram lá duas ou três perguntas e só.
4. Queriam saber se o senhor recebeu dinheiro da SMPB?
Mantive o depoimento que havia feito há 11 anos atrás. Voltei a dizer que foram pagamentos feitos via depósitos bancários. Prestei serviços de advocacia à agência. Aliás, uma das agências mais renomadas do País.
Mantive o depoimento que havia feito há 11 anos atrás. Voltei a dizer que foram pagamentos feitos via depósitos bancários. Prestei serviços de advocacia à agência. Aliás, uma das agências mais renomadas do País.
5. Mas o relatório da Polícia Federal aponta que o sr. não apresentou provas sobre a prestação dos serviços?
Como você prova exames de contratos, documentos internos da empresa? É impossível. Anos depois querem saber de documentos. Isso deveria ter sido apurado pela Polícia Federal na empresa. Afinal, fizeram uma devassa nas contas da agência.
Como você prova exames de contratos, documentos internos da empresa? É impossível. Anos depois querem saber de documentos. Isso deveria ter sido apurado pela Polícia Federal na empresa. Afinal, fizeram uma devassa nas contas da agência.
6. O que o senhor pretende fazer caso seja denunciado pelo Ministério Público Federal?
Não tenho como falar disso agora. Vou aguardar os trâmites legais.
Não tenho como falar disso agora. Vou aguardar os trâmites legais.
Fonte: Estadão
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