Antes de ler esta postagem leia esta, Reajamos, brasileiros!, antes que Miriam Leitão te convença que os banqueiros brasileiros estão a beira da falência.
"Os bancos sempre querem juros mais altos. É o mesmo que perguntar a macaco se ele quer banana". Paulo Henrique Amorim
Você tem que ter uma alma muito doce e gentil para acreditar no que pregam as peças publicitárias dos Bancos.
A recorrência de slogans tais como, "seu parceiro de negócios", "sempre ao seu lado", "bancando seus sonhos", "nem parece banco", "o tempo todo com você", "colocando você sempre à frente", "fazendo mais que o possível" dentre uma lista infindável de baboseiras para atrair clientes revela, por outro lado, uma realidade bem distinta quando você precisa deles.
O leitor precisa entender que os banqueiros não se preocupam com o meio ambiente, com o bem-estar social, com educação ou qualquer outro modismo corporativo que eles, em particular, utilizam para desviar a atenção da verdadeira natureza dos seus negócios.
Banqueiros são capitalistas e, como tais, não tem em sua pauta outra meta senão obter lucro, com o menor esforço e com o menor risco.
Ou você ainda acredita que é por amor aos aposentados, pensionistas e servidores públicos que eles adoram o crédito consignado?
Veja a reprodução, na íntegra, da reportagem de hoje do Jornalista Valdo Albuquerque, do Jornal Hora do Povo, que revela a verdadeira face dos bancos privados brasileiros.
Bancos privados aplicam golpe na praça, põem o compulsório no bolso e dão uma banana ao crédito.
Não fosse a briosa rede de bancos públicos, o Brasil estaria no buraco.
As medidas anunciadas pelo governo de liberação dos depósitos compulsórios deixaram à disposição do sistema financeiro cerca de R$ 160 bilhões, com objetivo de disponibilizar mais recursos para o crédito. Contudo, em vez de servir de provisão de liquidez e viabilizar empréstimos aos clientes, os bancos privados estão usando a liberação do recolhimento compulsório para comprar títulos da dívida pública, anulando, desta forma, o objetivo econômico e social da medida. A injeção de recursos para apoiar a produção e o consumo está sendo desviada para uso próprio e especulativo.
Dinheiro destinado ao crédito irriga cofres dos banqueiros
Juros altos e complacência da direção do BC permitem que os recursos disponibilizados pelo governo federal não cheguem na ponta
O governo anunciou desde o dia 24 de setembro uma série de medidas de liberação dos depósitos compulsórios para os bancos, com vistas a disponibilizar mais crédito. Contando com as medidas adotadas em outubro (dias 2, 8, 13 e 16), o volume de recursos posto à disposição do sistema financeiro é de cerca de R$ 160 bilhões, o que representa um pouco mais de 70% do total do recolhimento compulsório dos bancos em 24 de outubro, que somava R$ 226 bilhões. No final de setembro, era de R$ 272 bilhões.
Somente o programa de liberação anunciado no dia 13 de outubro totalizava R$ 100 bilhões, segundo nota do Banco Central. Mas, o que era para “irrigar a economia”, está servindo é para forrar ainda mais os cofres dos bancos. Em vez de servir de provisão de liquidez e viabilizar empréstimos aos clientes, os bancos estão usando a liberação do recolhimento compulsório para compra de títulos da dívida pública, que pagam a maior taxa real de juros básicos de todo o mundo – atualmente em 7,9% ao ano (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses).
De acordo com a Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), no dia 13 próximo passado foram utilizados pelos bancos nessa operação R$ 60,045 bilhões, passando para R$ 70,666 bilhões no dia 14 e R$ 72,880 bilhões no dia seguinte.
Ao comentar sobre a compra de títulos com o dinheiro do compulsório liberado, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fabio Barbosa, afirmou: “É lógico que, num momento como este, todo mundo fica um pouco mais prudente. Assim como as empresas, os bancos estão procurando acumular um pouco mais de liquidez. Mas é pouca coisa”. E completou a seguir: “Quando os bancos compram títulos públicos, o rendimento é até um pouco menor do que o do CDI [taxa de juros de referência dos bancos]. Então, ao contrário do que se fala, comprar título público não oferece um rendimento garantido e sem riscos para os bancos. Outra coisa importante: algumas pessoas dizem que os bancos recebem o dinheiro dos compulsórios, que não renderiam nada, e teriam ganhos ao aplicar em títulos públicos. Não é verdade. Os recursos do compulsório rendem 100% da Selic [taxa básica de juros, que tem rendimento semelhante ao do CDI]”.
Trata-se de uma enviesada explicação: o dinheiro do compulsório, seja lá o rendimento que tiver, não está à disposição dos bancos a seu bel prazer, como está o dinheiro aplicado na aquisição de títulos públicos. O compulsório é administrado pelo BC, e não pelos bancos. Já o dinheiro liberado pelo governo que os bancos estão aplicando na compra de títulos públicos, está inteiramente em seu poder. Não se trata de uma diferença desprezível.
Além disso, e mais importante, o governo liberou essa parcela do depósito compulsório para que os bancos aumentassem o crédito, superando a escassez que existia. E isso é precisamente o que eles estão se recusando a fazer.
Por quê? Primeiro, pela razão óbvia: porque preferem obter rendimentos de forma parasitária, comprando títulos públicos com o dinheiro que antes estava imobilizado no depósito compulsório feito no BC, do que investir na produção.
Mas a segunda razão é mais perniciosa ainda: o presidente da Febraban não esclarece porque “os bancos estão procurando acumular um pouco mais de liquidez” em vez de aumentar o crédito para quem precisa dele. Se quem precisa de crédito não o tem, o resultado são dificuldades empresariais e, no limite, a falência. Nesse momento não é preciso ser adivinho para perceber o que os bancos farão com “um pouco mais de liquidez” - comprar empresas por preços amesquinhados.
Portanto, por trás da manobra de comprar títulos públicos, em vez de fornecer crédito, está a tentativa de deixar empresas em dificuldade – exatamente por falta de crédito - para depois comprá-las com o dinheiro que foi liberado pelo governo do depósito compulsório, provisoriamente acumulado na compra dos títulos do próprio governo.
O rendimento dos títulos públicos nada tem de pequeno. Internacionalmente, é um dos melhores negócios especulativos que existem. Há anos que a taxa real dos juros básicos do Brasil é a maior do mundo, enquanto das 40 maiores economias, nada menos que 34 estão com a taxa básica de juros reais igual ou menor que 2%. Igual a zero ou com essa taxa negativa, há 25 países.
Quando foram anunciadas as medidas para liberação do compulsório, a equipe econômica informou que alguns dos objetivos eram apoiar os pequenos bancos a se financiar e estimular os grandes a garantir o crédito. Ocorre que estes preferiram pegar os recursos liberados e aplicar nos papéis do Tesouro, cabendo a tarefa de gerar liquidez e de “irrigação da economia” ao Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os dois primeiros, principalmente relacionado a crédito agrícola, imobiliário e individual (consignado).
A primeira lição a se tirar é que não se pode esperar benevolência dos bancos privados, principalmente estrangeiros, pois estes não estão interessados em colocar dinheiro para circular na economia, mas tão somente em auferir superlucros e aumentar seu patrimônio. Para tal, contam com a complacência do Banco Central, que não só mantém os juros altos como não tem nenhuma ação incisiva para garantir que os recursos liberados do compulsório sejam efetivamente destinados ao crédito. A segunda é que não basta apenas o BC ter interrompido a trajetória de aumento dos juros, mas que se torna necessária e urgente a sua redução para que haja estímulo aos investimentos e à produção. E terceiro, manter firme os investimentos públicos, não só das instituições financeiras, mas do conjunto das estatais e dos programas em infra-estrutura em andamento.
VALDO ALBUQUERQUE
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