Sexta-feira inspirada de Geraldo Elísio, eu não pude resistir e apliquei uma dupla lambida.
Editorial de Geraldo Elísio para o Novo Jornal, o último fiapo de decência do jornalismo da capital.
“O povo é apenas um detalhe” – Frase atribuída à ex-ministra Zélia Cardoso de Melo, ao tempo do governo Fernando Collor.
Davos é uma cidade suíça que ganhou notoriedade em virtude de sediar as reuniões do G8, ou seja, os oito países mais ricos e industrializados do mundo. Antes era o G7, sucedâneo da Trilateral; Estados Unidos, União Europeia e Japão.
A Rússia nem tão rica ou industrializada, mas dona de um arsenal atômico e do Exército Vermelho, foi convidada a entrar para o grupo que ainda poderá ampliar o seu numeral. Desde a formação do Círculo de Bilderberg, após o término da II Guerra Mundial, isto já estava previsto, pois identificaram que as ideologias ruiriam e o teatro da luta teria apenas dois atores: pobres e ricos.
Daí a criação dos Fóruns Populares Mundiais, igual ao que está sendo realizado em Belém, uma tentativa de contraposição ao poderio do G8.
A China, mesmo sem relegar o marxismo-leninismo como o fez a Rússia, em virtude de seu crescimento e de sua atual força econômica, deverá ser convidada também.
Na medida em que alguém for se enriquecendo será convocado a integrar o grupo, visando a opressão dos mais pobres, o que nos lembra um antigo programa humorístico da Rádio Nacional, o Edifício Balança, mas não Cai, onde Brandão Filho e Paulo Gracindo interpretavam os primos pobre e rico. Afinal dizia o pobre em seu bordão: “Rico ri a toa”.
Porém, como diz Vinícius de Moraes em “Samba da Benção”, “a vida não é de brincadeira não irmão.” A situação não é de rir.
E Davos, agora depois de o comunismo ter sido proscrito em Moscou, e o capitalismo estar na CTI dos Estados Unidos, mostra o quanto de nefasto foi o neoliberalismo do qual o DEM é o mais legítimo representante no Brasil, apesar do “socialista” Fernando Henrique Cardoso, contradizendo o que anteriormente pregara, inclusive mandando esquecer o que ele um dia havia dito, igual novela de Glória Perez, ter aderido de “Corpo e Alma” à doutrina neoliberalista, atendendo às exigências do FMI a que o atual governador de Minas, Aécio Neves, também pretende seguir, se chegar a presidente da República.
Se chegar, porque o único “IF” que deu certo que eu conheço é o belíssimo poema do escritor inglês nascido em Bombaim, na Índia, Rudyard Kipling, prêmio Nobel da Literatura em 1907.
O mesmo neoliberalismo defendido pela Escola de Chicago, cujo expoente máximo é Milton Friedman, defensor do laissez-faire, do livre mercado, que se contrapôs a John Maynard Keynes, cuja teoria preconiza a presença do estado regulatório. Contudo, nos últimos tempos, o que se viu foi uma tentativa de destruição dos estados nacionais, a implantação de uma refeudalização e, por via de conseqüências, o desastre econômico que assola o mundo.
Davos anuncia 51 milhões de desempregados no mundo - taxas irrisórias de crescimento - e além do que existe, a perspectiva de quem conseguir manter o seu emprego consegui-lo ao custo de US$ 2 dias, enviando dois milhões de pessoas no planeta para uma linha inferior à pobreza.
Porém, nesta hora, se recorre ao Estado para salvar instituições bancárias e montadoras. Temporariamente esquecido Friedman e ressuscitado Keynes. Sem faltar olhos até para Karl Marx.
Privatizar o lucro e socializar prejuízos.
No Brasil, Fernando Henrique Cardoso vendeu estatais, inclusive estratégicas como a Vale do Rio Doce, contentando-se em receber moedas podres como pagamento. Agora, no ápice da crise, nos Estados Unidos fala-se em “bancos podres”, ou seja, instituições bancárias que assumiriam os rombos, ficando a parte lucrativa em poder dos particulares.
O ex-presidente José Sarney disse um dia que no Brasil a Nação convivia com “um capitalismo de clube e um esquerdismo de boteco.” Se não é isso pode ser o que disse ao tempo nefasto de George Bush, o velho Fidel Castro numa advertência aos norte-americanos: “De tanto acolher dissidentes latino americanos, vocês irão acabar se transformando em uma República de Bananas – Banana Republic, como pejorativamente eles se referem às repúblicas caribenhas e da América do Sul. A moda pelo visto pegou.
Paradoxalmente é o mega especulador George Soros quem está advertindo que os pobres precisam ser socorridos e Wladimir Putin, primeiro-ministro russo, alertando que concentrar toda a solução dos problemas em mãos do Estado tem o inconveniente de tornar a economia ineficiente e gerar altos custos com os quais padeceram a Rússia e a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
No Fórum Social de Mundial Belém, Evo Morales, Hugo Chávez, Fernando Lugo e Rafael Corrêa, presidentes da Bolívia, Venezuela, Paraguai e Equador, defendem a implantação de um “socialismo do século XXI.” Lula também esteve lá. O que mostra que a crise é real, e a frase perdeu o sentido, não é uma “marolinha”, estando mais para “marulinha”.
Não tenho dúvidas de que o papel regulatório do Estado é o meio mais eficiente, desvinculado de tantos ismos que já se mostraram ineficientes. O que é absolutamente necessário é que se socorra o povo, que até pode ser um detalhe, porém o principal detalhe e fonte de todo o poder em qualquer quadrante e ideologia do mundo.
Caso contrário, se a exemplo de Maria Antonieta, acreditarem que o povo, em vez do “pão nosso de cada dia”, deve comer brioches que somente são encontrados em delicatessen ou padarias de luxo, certamente boas coisas não irão ocorrer. Nem tanto a Davos nem tanto a Belém, uma solução nova, despida de egoísmo e rancor ficará de bom tamanho.
Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e entidades aqui citadas.
gelisio@bol.com.br
“O povo é apenas um detalhe” – Frase atribuída à ex-ministra Zélia Cardoso de Melo, ao tempo do governo Fernando Collor.
Davos é uma cidade suíça que ganhou notoriedade em virtude de sediar as reuniões do G8, ou seja, os oito países mais ricos e industrializados do mundo. Antes era o G7, sucedâneo da Trilateral; Estados Unidos, União Europeia e Japão.
A Rússia nem tão rica ou industrializada, mas dona de um arsenal atômico e do Exército Vermelho, foi convidada a entrar para o grupo que ainda poderá ampliar o seu numeral. Desde a formação do Círculo de Bilderberg, após o término da II Guerra Mundial, isto já estava previsto, pois identificaram que as ideologias ruiriam e o teatro da luta teria apenas dois atores: pobres e ricos.
Daí a criação dos Fóruns Populares Mundiais, igual ao que está sendo realizado em Belém, uma tentativa de contraposição ao poderio do G8.
A China, mesmo sem relegar o marxismo-leninismo como o fez a Rússia, em virtude de seu crescimento e de sua atual força econômica, deverá ser convidada também.
Na medida em que alguém for se enriquecendo será convocado a integrar o grupo, visando a opressão dos mais pobres, o que nos lembra um antigo programa humorístico da Rádio Nacional, o Edifício Balança, mas não Cai, onde Brandão Filho e Paulo Gracindo interpretavam os primos pobre e rico. Afinal dizia o pobre em seu bordão: “Rico ri a toa”.
Porém, como diz Vinícius de Moraes em “Samba da Benção”, “a vida não é de brincadeira não irmão.” A situação não é de rir.
E Davos, agora depois de o comunismo ter sido proscrito em Moscou, e o capitalismo estar na CTI dos Estados Unidos, mostra o quanto de nefasto foi o neoliberalismo do qual o DEM é o mais legítimo representante no Brasil, apesar do “socialista” Fernando Henrique Cardoso, contradizendo o que anteriormente pregara, inclusive mandando esquecer o que ele um dia havia dito, igual novela de Glória Perez, ter aderido de “Corpo e Alma” à doutrina neoliberalista, atendendo às exigências do FMI a que o atual governador de Minas, Aécio Neves, também pretende seguir, se chegar a presidente da República.
Se chegar, porque o único “IF” que deu certo que eu conheço é o belíssimo poema do escritor inglês nascido em Bombaim, na Índia, Rudyard Kipling, prêmio Nobel da Literatura em 1907.
O mesmo neoliberalismo defendido pela Escola de Chicago, cujo expoente máximo é Milton Friedman, defensor do laissez-faire, do livre mercado, que se contrapôs a John Maynard Keynes, cuja teoria preconiza a presença do estado regulatório. Contudo, nos últimos tempos, o que se viu foi uma tentativa de destruição dos estados nacionais, a implantação de uma refeudalização e, por via de conseqüências, o desastre econômico que assola o mundo.
Davos anuncia 51 milhões de desempregados no mundo - taxas irrisórias de crescimento - e além do que existe, a perspectiva de quem conseguir manter o seu emprego consegui-lo ao custo de US$ 2 dias, enviando dois milhões de pessoas no planeta para uma linha inferior à pobreza.
Porém, nesta hora, se recorre ao Estado para salvar instituições bancárias e montadoras. Temporariamente esquecido Friedman e ressuscitado Keynes. Sem faltar olhos até para Karl Marx.
Privatizar o lucro e socializar prejuízos.
No Brasil, Fernando Henrique Cardoso vendeu estatais, inclusive estratégicas como a Vale do Rio Doce, contentando-se em receber moedas podres como pagamento. Agora, no ápice da crise, nos Estados Unidos fala-se em “bancos podres”, ou seja, instituições bancárias que assumiriam os rombos, ficando a parte lucrativa em poder dos particulares.
O ex-presidente José Sarney disse um dia que no Brasil a Nação convivia com “um capitalismo de clube e um esquerdismo de boteco.” Se não é isso pode ser o que disse ao tempo nefasto de George Bush, o velho Fidel Castro numa advertência aos norte-americanos: “De tanto acolher dissidentes latino americanos, vocês irão acabar se transformando em uma República de Bananas – Banana Republic, como pejorativamente eles se referem às repúblicas caribenhas e da América do Sul. A moda pelo visto pegou.
Paradoxalmente é o mega especulador George Soros quem está advertindo que os pobres precisam ser socorridos e Wladimir Putin, primeiro-ministro russo, alertando que concentrar toda a solução dos problemas em mãos do Estado tem o inconveniente de tornar a economia ineficiente e gerar altos custos com os quais padeceram a Rússia e a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
No Fórum Social de Mundial Belém, Evo Morales, Hugo Chávez, Fernando Lugo e Rafael Corrêa, presidentes da Bolívia, Venezuela, Paraguai e Equador, defendem a implantação de um “socialismo do século XXI.” Lula também esteve lá. O que mostra que a crise é real, e a frase perdeu o sentido, não é uma “marolinha”, estando mais para “marulinha”.
Não tenho dúvidas de que o papel regulatório do Estado é o meio mais eficiente, desvinculado de tantos ismos que já se mostraram ineficientes. O que é absolutamente necessário é que se socorra o povo, que até pode ser um detalhe, porém o principal detalhe e fonte de todo o poder em qualquer quadrante e ideologia do mundo.
Caso contrário, se a exemplo de Maria Antonieta, acreditarem que o povo, em vez do “pão nosso de cada dia”, deve comer brioches que somente são encontrados em delicatessen ou padarias de luxo, certamente boas coisas não irão ocorrer. Nem tanto a Davos nem tanto a Belém, uma solução nova, despida de egoísmo e rancor ficará de bom tamanho.
Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e entidades aqui citadas.
gelisio@bol.com.br
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