UM TEMPINHO PARA REFLETIR E TAMBÉM PARA ME RETRATAR

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Lambido do Editorial do Novo Jornal , que ainda se mantém como a última fronteira do jornalismo independente em Minas Gerais e por isso, retrato-me das dúvidas que suscitei no post Novo Jornal: em banho-maria ou alinhado?, feitas no calor da indignação com o jornalismo bandido e subserviente praticado em Minas Gerais.

Vamos refletir.


ISRAEL X PALESTINA
Por Geraldo Elísio - 12/01/2009

“E=mc²”

“Pensem nas crianças / mudas telepáticas. / Pensem nas meninas / cegas inexatas. / Pensem nas mulheres / rotas alteradas. / Pensem nas feridas / como rosas cálidas” – Poema de Vinícius de Moraes com música de Gerson Conrad, cantada pelo Secos e Molhados.

Penso em todas as crianças israelenses que a qualquer momento podem ser atingidas por um míssil disparado pelos militantes dos Hamas. E na impossibilidade de freqüentarem um parque sem o medo de serem vítimas da explosão de um homem bomba, quase tão crianças quanto elas.

Penso na dor de todas as mães judias, trazendo em suas veias a ancestralidade de todos os males causados pelos faraós e Hitler, em Alshevits, Dachau e Treblinka.

Penso nas crianças palestinas mortas pelas forças militares de Israel, igualmente quase tão jovens como elas. Pelo menos os militares israelenses têm coerência: existe o gene de Herodes Antipas que assassinou centenas e centenas de crianças como diz a Bíblia, em seu Novo Testamento, porque iria nascer o novo rei dos judeus e ele não podia perder o poder.

De Israel prefiro o Shir Hashirim de Shlomo, ou seja, o Cântico dos Cânticos de Salomão.

Incoerência todos os povos têm. No Brasil então nem se fala.

Penso nas crianças de todo o mundo e em suas mães como aquelas da Rosa de Hiroshima. Penso nas crianças do Vietnã, especialmente My Lay. Penso nas crianças de Sabra e Shatila. Penso na humanidade como um todo.

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano.

E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” – John Donne.

A citação acima abre o texto do livro “Por quem os sinos dobram”, de Ernest Hemingway, transformado em belo filme pela Paramount Pictures, estrelado por Gary Cooper e Ingrid Bergman, dirigidos por Sam Wood.

Os sinos dobram. Não existem inocentes na atual guerra que envergonha o ser humano na Faixa de Gaza.

A sandice que assusta o mundo tem razões eleitorais, como se o sangue palestino pudesse ser transformado em elementos de marketing e vice versa, sangue judeu também possa ser peça de propaganda.

No inconsciente coletivo, judeus e árabes têm extrema habilidade para lidar com dinheiro. Então por que se matarem? Retirem o brasileiro Marcos Valério da prisão de Tremembé, no interior de São Paulo, e ele poderá assessorar os litigantes em como implantar um mensalão visando a eternização do poder.

Tenho um profundo respeito e pena do povo de Israel. Tenho um profundo respeito e pena do povo palestino. Tenho um profundo respeito e pena dos povos de todo o mundo.

“Há soldados nas ruas / amados ou não. Quase todos perdidos de armas nas mãos. / Nos quartéis lhes ensinam antigas lições / de morrer pela pátria e viver sem razão.” – Geraldo Vandré em “Pra não dizer que não falei de flores.”

Não seria preciso ser assim se a nossa espécie tivesse juízo, se às vezes não houvesse necessidade de morrer pela pátria porque alguém se julga dono do mundo e a festa dos fabricantes de armas não pode parar.

Qualquer jovem soldado de qualquer país, tenho certeza, prefere ouvir música, dançar, namorar, casar e ter filhos constituindo famílias. Duvido que tenham preferência pela morte, a única certeza desta vida. Todos devem sonhar com um mundo de “Imagine”, de John Lennon, ícone da beatlemania.

Não existem inocentes nesta guerra suja, como de resto sujas são todas as guerras.

Sem contar a suspeição de que Israel pode ter incentivado o Hamas, tempos atrás, só para colocá-lo como uma contra facção a Al Fatah de Yasser Arafat. Igual os Estados Unidos da América criaram Manoel Noriega, no Panamá, e Osama Bin Laden, no Afeganistão, para combater os russos. Criam monstros e depois não sabem o que fazer com eles.

Israel viveu o terror do holocausto que até hoje estigmatiza a Alemanha que não sabe por quanto tempo irá durar a sua culpa. Mesmo que o passar do tempo vá levando as coisas para a fábula de o “Lobo e o Cordeiro.” Se não foi você, foi seu pai, seu avô, seu bisavô... Mesmo válida a premissa de que não é possível um replay.

Israel se envereda pelo mesmo caminho.

Na verdade, contabilizada a história em todo o mundo, existe um déficit, faltam “alguens” em Nuremberg.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e entidades aqui citadas.

gelisio@no1.com.br

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