VAMOS CHORAR, BUÁ BUÁ BUÁ BUÁ BUÁ... E MAIS UM POUQUINHO, BUÁ BUÁ BUÁ BUÁ BUÁ

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A aliança da promiscuidade ideológica e os incorrigíveis hábitos que outrora tanto combatemos.

Faço agora as contas de quantas vezes votei no PT. Lembro-me, porém, que em todas elas, eu renovava a minha esperança de ver o interesse público e a moralidade administrativa sobrepondo-se ao fisiologismo partidário, tão recorrente em nossa história. Mas agora, confesso ser tomado por um enorme sentimento de frustração quando leio os jornais e me deparo, mais uma vez, com velhos conhecidos debatendo-se publicamente por “boquinhas” em órgãos públicos.

Mas para ser fiel aos fatos, gostaria de enfatizar que tenho consciência do pragmatismo que foi utilizado para viabilizar a chegada de Lula e da esquerda ao poder em 2003. É certo afirmar, também, que seu governo correspondeu e tem sido mais justo com os brasileiros e a voracidade em dilapidar o patrimônio público foi contida. Mesmo assim, práticas que já eram detestáveis no passado avançam de forma assombrosa até hoje. Além do mais, situações como esta ficam mais comuns à medida que cresce a participação do partido na vida pública e, acabam por arrastá-lo para a vala comum.

Não deixo de considerar, ainda, as boas administrações feitas pelo PT por onde passou, mas gostaria muito que o partido pensasse numa forma mais contundente de reparar o patrimônio moral que foi duramente sacrificado com os eventos ocorridos em 2005.

Deixo aqui registrada a minha preocupação, pois sou um cidadão convicto de que só através de partidos políticos, sólidos moral e ideologicamente, é possível fazer o país e a democracia prosperarem. Vou continuar votando no PT, mas sinceramente desejo um algo mais para que aquela paixão intensa de anos atrás se renove para o futuro.

E para finalizar, nem preciso dizer o quanto me senti ofendido com a promiscuidade ideológica que resultou na inusitada aliança entre o PT e o PSDB em Belo Horizonte. E pelo que se tem visto, ouvido e lido até agora, a única coisa produzida por esta brincadeira de mau gosto é o triste retorno a tudo aquilo que tanto desprezávamos na política tradicional e, que por tantas vezes, fomos convocados e nos mobilizamos para mudar e, não será diferente desta vez.


PT reage à perda de espaço para tucanos na PBH
Juliana Cipriani - Estado de Minas

A perda de espaço e força política na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte está gerando muita insatisfação entre os petistas da capital. O desgaste ocorre principalmente em função da perda de espaço para o PSDB, rival histórico da legenda, e pela forma centralizada como teriam ocorrido as indicações do PT. O descontentamento atinge tanto os que apoiaram quanto os contrários à polêmica aliança do partido com os tucanos pela eleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB) e tende a aumentar nas bases a partir de março, quando será definida a distribuição de gerências.

O problema é que, apesar de o PT ter ficado com cerca de 70% do núcleo do primeiro escalão da administração, alguns secretários perderam força. As baixas vão ocorrer também pela nova forma de composição das regionais. Antes, cabia ao PT entre 20 e 25 gerentes em cada uma delas. O acerto feito com os partidos desta vez foi entregar as secretarias com a porteira fechada, dando liberdade aos dirigentes para compor a equipe com quadros de sua confiança, o que vai prejudicar as indicações das bases do partido. Neste caso, o temor de alguns é o enfraquecimento da legenda, tendo em vista que, além dos espaços políticos, haverá perdas na contribuição partidária, que gera recursos por meio dos salários dos filiados.

Para uma fonte petista ligada ao ex-prefeito Fernando Pimentel, um dos articuladores da aliança, o PT foi enganado. “Nós ganhamos, mas não levamos a eleição. Os petistas estão se sentindo abandonados e o partido está à revelia”, afirmou. Uma queixa das bases, segundo conta, seria a forma como foram feitas as indicações, negociadas pelo vice-prefeito Roberto Carvalho e os deputados federais Miguel Correia Júnior e Virgílio Guimarães. “O partido não foi levado em conta, só o interesse dos caciques que estavam negociando.”


Reclamação

Integrante da Executiva do PT, o deputado estadual Carlos Gomes diz não ter participado das negociações por não ter sido chamado. “Acho que o PT está perdendo espaço, e muito. Pode ser que as pessoas que estão organizando essa montagem me mostrem o contrário. Mas o PSDB volta à prefeitura de maneira forte através dessa injunção”, disse. Para o parlamentar, o partido perde espaço não apenas na administração. “O PT perdeu como partido, agora é uma legenda que tem que se organizar de novo em BH”, disse.

Para o colega de bancada, deputado Adelmo Carneiro Leão, a perda da pasta da Saúde, que ficou com o indicado do PSDB, Marcelo Teixeira, foi significativa. “Historicamente o PT tem atuado na política de saúde e há uma restrição em um espaço que é importante para nós. A preocupação é que o PSDB, ao ocupar a Secretaria de Saúde, estaria subtraindo do PT um espaço que sempre trabalhamos de forma positiva”, disse. De acordo com o parlamentar, a insatisfação é geral no campo da articulação, da qual fazem parte os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência). “O sentimento é de perda, a preocupação é que o PT está perdendo não só na área, mas a natureza do espaço que está sendo perdido”, reforçou.

O presidente do PT municipal, Aluísio Marques, admitiu a redução dos espaços, mas afirmou que o partido foi contemplado. “O PT tem uma participação razoável no governo, nós temos gente em todas as políticas importantes e temos consciência de que este é um governo de composição, como era o anterior”, disse. De acordo com ele, na segunda gestão de Fernando Pimentel, o PT começou com apenas duas regionais, aumentando para três. Aluísio disse que o processo de negociação dos espaços é natural no partido, que sempre delega a condução a um grupo de pessoas, “às vezes até menor do que esse”. Segundo ele, houve diálogo e ninguém se manifestou contra ou fez outra proposta ao que foi feito. “De qualquer maneira acho muito razoável e se tiver alguma crítica essa análise será feita”, disse.


Leia também: PT revoltado: “Fomos enganados em BH” - PSDB volta à Prefeitura de BH fortalecido. Até mesmo petistas ligados a Pimentel se dizem tapeados por Aécio e Lacerda

1 Comentário:

Felipe Augusto disse...

Por essas e outras que nunca me vinculei a partidos políticos, procuro analisar os candidatos, porém se o voto de legenda sair como querem os porcos representantes do nosso povo, estaremos lascados de uma vez por todos!

 

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