O CINDERELO MINEIRO - EDITORIAL DE GERALDO ELÍSIO PARA O NOVO JORNAL, O ÚLTIMO FIAPO DE DECÊNCIA NO JORNALISMO DA CAPITAL DAS GERAIS

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Lambido do Novo Jornal
INVERSÃO DE VALORES
Por Geraldo Elísio

“Rapunzel, Rapunzel, jogue as suas loiras tranças sem demora, sem demora, porque o príncipe vai subir agora.” – Fábula infantil.

Talvez o Ministério Público (através de parte de seus integrantes) tenha razão em querer silenciar o Novojornal. De fato estamos muito expostos ao País e ao mundo. Minas Gerais, para espanto dos mineiros, virou um celeiro de corrupção de todas as nuanças e matizes.

Então que sejam acobertadas todas as denúncias; não se exponha o lençol manchado de sangue da ex-virgem com a mãe do Belo Antônio gritando aos vizinhos que a façanha foi de seu filho. (Filme de Mauro Bolognini com Marcello Mastroianni e Cláudia Cardinale.)

Não se fale do Sindicato de Ladrões, filme de Elia Kazan, com Marlon Brando e Lee J. Cob, com o elenco substituído por Marcos Valério, Daniel Dantas et caterva.

Não se fale mais de Tribunal faz de Conta, Mensalão, tucanoduto mineiro, Crime da Modelo no San Francisco Flat, jogadas políticas como as que resultaram na eleição para prefeito de Belo Horizonte e jogadas com o objetivo de abocanhar o Parque Tecnológico da UFMG.

Oficialize-se a censura, o melhor argumento dos que não tem razão. Que sejam calados todos os jornais que ousarem denunciar os crimes dos quais a sociedade brasileira já se cansou. Que seja levado à masmorra o delegado Protógenes Queiroz. Onde já se viu? Denunciar corrupção de banqueiros e crimes do colarinho branco.

Que tudo isto seja feito, mas que antes da censura definitiva ser implantada haja pelo menos tempo para falarmos da excrescência do corregedor da Câmara dos Deputados, Edmar Moreira, o “Cinderelo” amigo do ex-presidente Itamar Franco, que em sua megalomania construiu um castelo de 25 milhões de dólares e não declarado do Tribunal Regional Eleitoral – obrigação de todo candidato a cargo eletivo.

O Rapunzel de Juiz de Fora é mais um a envergonhar Minas e os mineiros. Minas que já foi berço do equilíbrio nacional com nomes do porte de Juscelino Kubitscheck de Oliveira, Milton Soares Campos, Israel Pinheiro Filho, Pedro Aleixo, Arthur Bernardes e hoje nomes isolados iguais ao de Luís Soares Dulci e Patrus Ananias, a integrar um elenco como sempre das honrosas exceções.

Cinderelo/Rapunsel, neste momento em que escrevo, já deveria ter pedido a saída do cargo que ocupa. Se não o fizer espero que o deputado Michel Temer o faça, pedindo a ele que se afaste da corregedoria .

Afinal, o Cinderelo da Zona da Mata, há poucas horas passadas, defendeu a idéia de que nenhum parlamentar envolvido em irregularidades deve ser julgado pelo Parlamento e sim pela Justiça, diante de um irremovível critério de amizade.

Amizade e lealdade são virtudes inquestionáveis, porém ninguém, por amizade ou lealdade tem a obrigação de acobertar crimes. Sob pena de incorrer em riscos de co-autoria, acobertamento e omissão.

É muito grave a situação mundial. Existem muitas pessoas indo para as ruas e isto não é um bom sinal. Principalmente para em hora tão grave haver concordância com a megalomania do Cinderelo /Rapuzel Edmar Moreira.

Mas provavelmente tudo vai acabar em pizza. Acredito mesmo que o samba deveria deixar de ser a música nacional, substituída pela tarantela.

Mas a exemplo do marido traído que preferiu mudar de lugar o sofá da sala onde aconteceu a traição, talvez seja mais fácil encarcerar Protógenes ou silenciar o Novojornal ou qualquer outro que se atreva a dizer verdades. Na Itália isto se chama omertá, a lei do silêncio que acoberta a Cosa Nostra, popularmente identificada como Máfia.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e entidades aqui citadas.

gelisio@novojornal.com

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