EU ME PERGUNTO: COMO FUNCIONA A CABEÇA DESSA GENTE QUE PENSA QUE PRETO SÓ TEM SERVENTIA NA SENZALA ?

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Lambido do Terra Magazine

Fillardis: Preconceito de estilista dói e dá pena
Thais Bilenky - Terça, 14 de abril de 2009, 09h04 Atualizada às 12h51


A atriz Isabel Fillardis ficou estarrecida com o comentário da estilista Glória Coelho, que diz não saber por que negros haveriam de estar na passarela em eventos de moda. Fillardis analisa que o preconceito "é subliminar":

- Ela não sabe que é preconceituosa. Eu vou crer nisso. Isso é preconceito. Ele só serve para servir, o negro. Para brilhar na passarela, para ser internacional, para ganhar dinheiro, como a Gisele ou como qualquer um, não pode. É horrível isso. Dói. Isso dói muito, sabe? E tenho pena. Eu tenho pena. Tenho, realmente.

Reportagem de Paulo Sampaio publicada no domingo (12) pelo jornal Folha de S.Paulo aborda proposta do Ministério Público Federal de criar cotas para modelos negros na São Paulo Fasion Week, evento dos mais importantes de moda do país.

Na matéria, Glória Coelho manifestou resistência à iniciativa. "Nosso trabalho é arte, algo que tem de dar emoção para o nosso grupo, para as pessoas que se identificam com a gente. (...) Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?".

Isabel Fillardis é hoje atriz global, mas começou a carreira aos onze anos de idade como modelo. Foi representada pela agência Ford Models, a mesma de tops como a israelense Bar Rafaeli. A atriz de 35 anos trabalhou com Paulo Borges, criador da SPFW, e também atuou no cinema. Diz agora que deverá "fazer coro à promotora" Déborah Kelly Afonso, autora do projeto de cotas na SPFW.

Fillardis foi informada por telefone sobre o comentário de Glória Coelho e demonstrou profunda indignação. Leia a seguir a entrevista com a atriz.

Terra Magazine - Como avalia a proposta do Ministério Público de criar cotas para modelos negros em eventos de moda?

Isabel Fillardis - Essa discussão é muito ampla. Não existe só um ponto. Por um lado, o Paulo Borges (organizador da SPFW) está certo. Cada um tem o direito de escolha, de querer aquela ou aquele modelo na passarela, com a sua roupa. Mas existe a questão também, (de que) se a gente for colocar cota para tudo, onde é que vai estar a capacidade de cada um? Onde é que está o talento de cada um? A mesma coisa com cota na universidade. A coisa é muito mais profunda do que você simplesmente gerar uma cota para o negro poder trabalhar, seja em qual profissão for, em qual área for. Eu acho que tem que haver outro tipo de discussão. Discutir o por que do preconceito, de onde vem este preconceito, como é que a gente faz para eliminar este preconceito. Porque é uma coisa que está muito mais no subconsciente das pessoas. O preconceito não é uma coisa visível. E se você discutir com alguém, ninguém diz que tem preconceito e nem o por que de ter o preconceito. A questão do preconceito racial vem há tanto tempo, é tão enraizado, que ficou incutido no subconsciente das pessoas que o negro não é capaz de pensar, não é capaz de produzir por si próprio. O negro só serve como burro de carga e o negro é fedido, o negro tem cabelo duro... E por aí vai. Então, como é que a gente faz para mudar a cabeça das pessoas? Porque muita gente pensa assim. Entendeu, filha? Muita gente, que está ali, que é empresário, pensa dessa forma.

Um jeito de começar a discussão e mudar essa mentalidade é a inclusão por cotas para negros? A inciativa é válida?
É válida até certo ponto. Eu acho que não adianta você pegar e impor, tanto para uma universidade ou um empresário, sem pegar este empresário e discutir o por quê. Eu acho que tem discutir com as pessoas por que elas não me escolhem, ou por que elas têm preconceito. Não só perguntar para nós, negros, o que a gente poderia fazer para mudar isso. Porque a gente quer trabalhar. A gente se vê como igual, e eles não nos veem como igual. Por que não? Onde é que está isso (a discriminação)? Você tem o direito de não me contratar para a sua empresa, mas você não pode me pré-julgar pela minha cor. É muito diferente. Você pode dizer para mim que eu não sou capaz, ou que não estou apto a fazer parte do seu casting, ou da sua empresa. Mas você tem que me explicar o por quê. No Brasil a gente não admite isso porque é o país mais miscigenado do mundo.

É difícil qualificar quem é e quem não é negro.
É dificíl você dizer quem é e quem não é negro. A não ser que a pessoa tenha realmente a pele bem negra. Tem tanta mistura. Então fica complicado. Eu acho que tem que chamar todos estes estilistas e quem interessar e discutir.

A visibilidade destes eventos podem fazer uma modelo muito compentente superar a barreira que o fato de ela ser negra traz?
Eu acho que sim. Aí entra a questão da cota, que é a questão da oportunidade. A gente só vai conseguir enxergar estes talentos quando forem dadas as oportunidades. Impostas ou não. Através de cotas ou não. Não tem como você descobrir talentos se você não dá a oportunidade, em qualquer área. O que eu coloco é o empresário ser obrigado a contratar o negro por conta de cota e a pessoa falar: "caraca, cadê meu talento? Eu estou aqui porque foi obrigado colocarem a cota". A autoestima deste negro, como é que fica? Alguns aceitam muito bem, outros não aceitam muito bem. Isso é muito dividido. Eu já ouvi várias opiniões. Eu já ouvi opiniões de negros falando "eu não aceito cota. Eu quero que a pessoa me reconheça pelo meu valor".

Você se sentiria bem em ser contratada por cota?
Não, não. Eu sei que eu sou capaz. Se eu tiver que fazer um teste para me escolherem, eu prefiro fazer o teste do que ser colocada por cota. Se o cara fala para mim: "não, Isabel, você não passou no teste, você não me agradou, eu acho que você não está para fazer...", é uma coisa. Agora o cara nem me dar a oportunidade de eu mostrar o meu trabalho porque eu sou negra, aí não, aí eu não concordo, aí é complicado. Acho válido fazer uma discussão, promover um fórum, um bate-papo, seja lá o nome que a gente queira dar, e convocar as pessoas cara-a-cara para discutir.

Glória Coelho disse que "na Fashion Week já tem muito negro costurando... por que têm de estar na passarela?". Como você recebe este comentário?
A Glória Coelho falou isso? Está vendo, minha filha, aonde está o preconceito? Eu não preciso nem responder nada... Eu fico pasma. O negro só pode ser serviçal, você está entendendo onde está o preconceito? Está no subconsciente das pessoas. É subliminar. Ela não sabe que é preconceituosa. Eu vou crer nisso. Isso é preconceito. Ele só serve para servir, o negro. Para brilhar na passarela, para ser internacional, para ganhar dinheiro, como a Gisele ou como qualquer um, não pode. É horrível isso. Dói. Isso dói muito, sabe? E tenho pena. Eu tenho pena. Tenho, realmente.

Muitas modelos negras já brilharam na passarela.
Muitas, muitas. A gente tem mais graça, mais cor, tudo o que coloca na gente fica bonito. Porque a nossa tez pede cores, pode até usar preto que também cai bem. Eu não vejo essa coisa... O preconceito está na questão de avaliar, de nos avaliar, como se a gente fosse menos que gente. E aí só respeitam, aí vem o outro lado, só respeitam o negro na sociedade aqueles que tem um nível social um pouco melhor. Porque aí tem que respeitar, não vai ter como. Eu quero ver alguém dizer para mim que eu tenho que ficar lá costurando. Vai dizer isso para mim. Ninguém vai dizer. Pode até pensar, mas não vai falar. Não tem peito para falar, não, filha. Que coisa triste. Só teve a declaração dela, ou teve de outras pessoas?

Não. Alexandre Herchcovitch, por exemplo, diz que nunca excluiu modelo por causa de cor. O que eles discutem é se a modelo interfere na recepção pelo público da roupa apresentada. Glória Coelho diz que a criação deve emocionar "o nosso grupo, as pessoas que se identificam com a gente".
Olha só. Ela está escolhendo o modelo para representar sua criação. Ela está visando o cliente. Então ela está querendo dizer que o cliente dela não iria gostar de ver o negro usando a roupa dela. É isso o que ela está querendo dizer. É terrível! Estou assustadíssima com isso. Estou mesmo, estou pasma! Caramba. Olha, é uma pena. É uma pena. Eu acho que tinha que pegar essas pessoas e debater. Sei lá. Agora eu tenho até que fazer coro para a promotora.

Terra Magazine

13 comentários:

HELIO disse...

Língua de Trapo boa tarde,
O racismo é tão grande que ninguém faz comentários no blog.
O Brasil tem muito que aprender sobre ele mesmo.
Obama não teria a menor chance no nosso país, nem para presidente e nem para apresentador da GloboNews.
Abraços
Helio

Felipe Augusto disse...

tem que tomar cuidado pra não fazer da luta contra o preconceito de cor, uma tecla chata, como é a tecla "holocausto", que hoje serve mais de propaganda pra "causa" israeli, do que para lembrar aos povos, das barbáries da guerra.

HELIO disse...

"QUANDO O MAPA DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA COINCIDE COM O MAPA DAS ETNIAS MARGINALIZADAS, É SINAL DE UM RACISMO ESTRUTURAL PROFUNDO"

Tecla chata é aquela que mostra a realidade e que o Brasil,que pensa que é branco,não quer discutir porque a verdade dói e ninguém a encara.

Felipe Augusto disse...

"ninguém", claro, com povo e político corrupto, numa mesma sociedade, não poderia ser diferente, isso também é uma tecla chata.

Enfrentar o sistema é enfrentar a nós, pois nós somos o sitema!

josaphat disse...

Língua, a resposta é simples: não funciona.

Lingua de Trapo disse...

Acabei de voltar de um buteco onde tive que ouvir, mais uma vez, que os negros são racistas. A explicação foi a seguinte: Você já viu um negro com dinheiro casando com uma negra?

Anônimo disse...

Está se tornando cada dia melhor vir aqí.

Debalde i voltarei.

Y Juca Pirama, ou

Inté,
Murilo

Anônimo disse...

Lula disse isso:
“Uma [imprensa, a estrangeira] está vendendo otimismo sobre o nosso país. E a outra [a brasileira] está vendendo pessimismo sobre o nosso país”.

E Josinhas 25, o asno assalariado nazi-fascista, comentou assim:

Para infelicidade de Lula, embora seja “o político mais popular do mundo”, o país que lhe coube presidir é o Brasil. Para seu júbilo, está acabando.

Falta um ano e oito meses."

Se eu mando 1 sujeito desses tomar bem no olho do c... me classificam de isso e/ou aqilo.

Se escrevo me contrapondo a essa imundice, me censura.



Q mídia é essa q qer libertinagem de impressao, e nao aceita a liberdade do contraditório?

Inté,
Murilo

Lingua de Trapo disse...

Caro Murilo,

Como você já deve ter percebido, este Língua de Trapo só tem um compromisso, com a baderna.

Fique a vontade para nos visitar, gosto muito dos seus comentários.

Se me permite, Inté

Anônimo disse...

Pela cara dela da pra ver o quanto ela tem sangue puro e nobre...

Anônimo disse...

Concordo com cada letra do último anônimo....rsrs


Sangue puro????? Tá mais pra uma mistura de pangaré, "moça" da vida e traveco...rsrsrs

QQUILOMBOMMQ disse...

1.PARTE REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA!
A COMUNIDADE NEGRA AFRO-LATINA BRASILEIRA
A FAVOR DAS COTAS RACIAIS E
APOIA É SOLIDARIA AO POVO PALESTINO. VIVA A PALESTINA!
Viva! Chávez! Viva Che!Viva! Simon Bolívar! Viva! Zumbi!
Movimento Chàvista Brasileiro
Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etcO.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br

QUILOMBONNQ disse...

2 PARTE
REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA!
.
Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder Zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che,Viva MalcolnX ,Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Fidel,Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br

 

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