Lambido do Novo Jornal, com grifos do Língua.
Editorial: OS CORRUPTOS NA MIRA
Por Geraldo Elísio
"A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios." - Barão de Montesquieu
Um longo diálogo entre este repórter e o delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, na segunda-feira (19), em Belo Horizonte. As declarações televisivas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, a seu respeito, não o abalaram. “A fala do ministro corresponde ao comportamento dele na Suprema Corte”.
Protógenes ironizou o presidente do STF ter gaguejado durante a entrevista e citou: “Ele é um servidor público igual a mim mesmo, embora tenhamos graus de atividades diferentes”. E alfinetou: “Servimos ao público e não ao privado. Onde vivemos a res é pública e não privada”. O delegado da PF acredita também que o ex-presidente FHC, (Fernando Henrique Cayman – observação deste repórter), atrás dos bastidores, também faça parte das tentativas de atacá-lo, “pois ele integra um pensamento ideológico neoliberal-tucano de políticas falidas”.
Quanto ao “banqueiro condenado” Daniel Dantas, Protógenes Queiroz explicou: “Ele anda mais cauteloso, temendo a Justiça bloquear mais ainda os seus bens que procedam da lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na primeira fase processual ele já sofreu uma condenação correspondente ao prejuízo causado por ele ao Brasil e aos brasileiros”.
O delegado da PF à tarde participou de encontro com lideranças sindicais na sede do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), organizada pelo professor Gilson Reis, e à noite foi homenageado com um jantar por adesão em um dos restaurantes da cidade. Conversamos muito. Ele acrescentou em relação a Daniel Dantas. “Está condenado a 10 anos de reclusão, multado em 12 milhões de reais e tem aproximadamente 3,3 bilhões bloqueados no Brasil e no exterior.”
“Ainda existe sentimento de punibilidade no Brasil”, aposta ele. “Esta gente não ficará imune. Os brasileiros estão atentos aos enriquecimentos ilícitos, principalmente o desvio de dinheiro público e evasão de divisas e, mesmo com a continuidade da corrupção, inclusive em Minas”. Especificamente citou, entre centenas, Itabira e Três Marias. “Esse crime sofre um combate maior. Recentemente foi criado no âmbito da Polícia Federal uma Central Geral de Combate ao Desvio de Dinheiro Público. O que é isso se não uma central de combate à corrupção?”
Outro assunto que abordamos foi a decisão do G20 – as vinte maiores economias do mundo – de combater os paraísos fiscais. Para Protógenes Queiroz, trata-se de decisão irreversível. “Inclusive o Brasil já se antecipou de forma negativa aos interesses do País, apresentando uma lei de anistia para quem tenha cometido crimes de evasão de divisas sem conhecimento de suas origens”.
Pressões e loobies
Ao explicar ao repórter sua opção pela filiação ao PCdoB - no dia 7 de setembro, data emblemática da libertação do Brasil da corrupção -, Queiroz argumentou que foi o único partido no qual encontrou projeto de Nação, inclusive de forma irônica pelos embates do passado, a reestruturação das Forças Armadas Brasileiras, forma de garantia de nossas riquezas naturais.
Ao tocar no assunto ele elogiou a posição de Lula em relação ao pré-sal, revelando detalhes envolvendo a descoberta da maior jazida petrolífera mundial. “Forças econômicas começaram a pressionar. Se contribuímos para sua eleição, agora é nosso. A sobra de vocês”.
Dick Cheney, vice de Bush, dirigente da Halliburton, neocon responsável pelo Iraque e Afeganistão - segundo Protógenes – “é dos interessados no pré-sal. Lula não decide como gostaria em virtude das pressões. Realizou viagem ao exterior onde conversou com as partes. Não ficou imune às pressões dos governadores de São Paulo, Rio, Espírito Santo, Minas e Bahia, que se tornaram lobistas a favor do interesse estrangeiro”. Contudo, ressalvou que ao final o projeto a prevalecer foi ipsis literis, “o que foi elaborado pelo Comitê Central do PCdoB”, que antes recomendou o reaparelhamento das Forças Armadas Brasileiras.
O delegado Protógenes define o “banqueiro condenado Daniel Dantas como ‘um gerentão’ dos interesses internacionais no Brasil” e alerta que “embora não entenda porque o presidente Lula não convoca o povo e explique todas as pressões que sofre, não podemos trocar o atual modelo do Brasil pelo governo tucano, responsável pelo desmanche do Estado e através das privatizações, fontes de todos os males que vivemos, pois o estado mínimo deu lugar ao máximo do interesse privado. No momento, José Serra e Aécio Neves representam este retrocesso. Acredito mais em Serra como candidato a sequênciar as políticas de privatização e encolhimento do Estado brasileiro”.
Informado das coisas que ocorrem em Minas, Protógenes Queiroz não desconhece as diversas operações desenvolvidas por seus colegas da Polícia Federal no Estado, bem como de outros ilícitos e sabe, informado pelos professores, que “o governador Aécio Neves anunciou com alarde o estabelecimento de um piso salarial no valor de R$ 800 para a categoria, mas isso é inverdade, pois muitas vantagens foram retiradas e ele prefere abonos e gratificações que não são incorporados aos salários quando das aposentadorias”.
Aos aposentados ele recomendou a continuidade da luta pela derrubada do fator previdenciário imposto por Fernando Henrique Cardoso, frisando que a Previdência Social é superavitária e que é necessário descobrir para onde vão os recursos. “Porque no caso da BrOi, da noite para o dia surgiram ‘do nada’ 12 bilhões de reais, o dobro dos 6 milhões que estão previstos para o reequipamento das Forças Armadas Brasileiras”.
Criticou ainda a mineradora Vale, argumentando que ela recebe incentivos governamentais, mas não quer investir, elogiando a posição assumida pelo presidente Lula e disparando críticas contra Eike Batista e suas pretensões, apontadas como contrárias ao interesse nacional e do povo.
Ao final de nossa conversa, reiterou o delegado Protógenes Queiroz. “Só o povo mobilizado e o resgate dos valores do Estado sobrepondo-se como normatizador de justiça social diante da ganância do interesse privado pode resgatar os valores nacionais e, felizmente, isso está a ocorrer”.
Quanto ao cargo que disputará, ele afirmou que isso somente será anunciado dois meses antes do último prazo permitido por lei.
Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.
gelisio@novojornal.com
Um longo diálogo entre este repórter e o delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, na segunda-feira (19), em Belo Horizonte. As declarações televisivas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, a seu respeito, não o abalaram. “A fala do ministro corresponde ao comportamento dele na Suprema Corte”.
Protógenes ironizou o presidente do STF ter gaguejado durante a entrevista e citou: “Ele é um servidor público igual a mim mesmo, embora tenhamos graus de atividades diferentes”. E alfinetou: “Servimos ao público e não ao privado. Onde vivemos a res é pública e não privada”. O delegado da PF acredita também que o ex-presidente FHC, (Fernando Henrique Cayman – observação deste repórter), atrás dos bastidores, também faça parte das tentativas de atacá-lo, “pois ele integra um pensamento ideológico neoliberal-tucano de políticas falidas”.
Quanto ao “banqueiro condenado” Daniel Dantas, Protógenes Queiroz explicou: “Ele anda mais cauteloso, temendo a Justiça bloquear mais ainda os seus bens que procedam da lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na primeira fase processual ele já sofreu uma condenação correspondente ao prejuízo causado por ele ao Brasil e aos brasileiros”.
O delegado da PF à tarde participou de encontro com lideranças sindicais na sede do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas), organizada pelo professor Gilson Reis, e à noite foi homenageado com um jantar por adesão em um dos restaurantes da cidade. Conversamos muito. Ele acrescentou em relação a Daniel Dantas. “Está condenado a 10 anos de reclusão, multado em 12 milhões de reais e tem aproximadamente 3,3 bilhões bloqueados no Brasil e no exterior.”
“Ainda existe sentimento de punibilidade no Brasil”, aposta ele. “Esta gente não ficará imune. Os brasileiros estão atentos aos enriquecimentos ilícitos, principalmente o desvio de dinheiro público e evasão de divisas e, mesmo com a continuidade da corrupção, inclusive em Minas”. Especificamente citou, entre centenas, Itabira e Três Marias. “Esse crime sofre um combate maior. Recentemente foi criado no âmbito da Polícia Federal uma Central Geral de Combate ao Desvio de Dinheiro Público. O que é isso se não uma central de combate à corrupção?”
Outro assunto que abordamos foi a decisão do G20 – as vinte maiores economias do mundo – de combater os paraísos fiscais. Para Protógenes Queiroz, trata-se de decisão irreversível. “Inclusive o Brasil já se antecipou de forma negativa aos interesses do País, apresentando uma lei de anistia para quem tenha cometido crimes de evasão de divisas sem conhecimento de suas origens”.
Pressões e loobies
Ao explicar ao repórter sua opção pela filiação ao PCdoB - no dia 7 de setembro, data emblemática da libertação do Brasil da corrupção -, Queiroz argumentou que foi o único partido no qual encontrou projeto de Nação, inclusive de forma irônica pelos embates do passado, a reestruturação das Forças Armadas Brasileiras, forma de garantia de nossas riquezas naturais.
Ao tocar no assunto ele elogiou a posição de Lula em relação ao pré-sal, revelando detalhes envolvendo a descoberta da maior jazida petrolífera mundial. “Forças econômicas começaram a pressionar. Se contribuímos para sua eleição, agora é nosso. A sobra de vocês”.
Dick Cheney, vice de Bush, dirigente da Halliburton, neocon responsável pelo Iraque e Afeganistão - segundo Protógenes – “é dos interessados no pré-sal. Lula não decide como gostaria em virtude das pressões. Realizou viagem ao exterior onde conversou com as partes. Não ficou imune às pressões dos governadores de São Paulo, Rio, Espírito Santo, Minas e Bahia, que se tornaram lobistas a favor do interesse estrangeiro”. Contudo, ressalvou que ao final o projeto a prevalecer foi ipsis literis, “o que foi elaborado pelo Comitê Central do PCdoB”, que antes recomendou o reaparelhamento das Forças Armadas Brasileiras.
O delegado Protógenes define o “banqueiro condenado Daniel Dantas como ‘um gerentão’ dos interesses internacionais no Brasil” e alerta que “embora não entenda porque o presidente Lula não convoca o povo e explique todas as pressões que sofre, não podemos trocar o atual modelo do Brasil pelo governo tucano, responsável pelo desmanche do Estado e através das privatizações, fontes de todos os males que vivemos, pois o estado mínimo deu lugar ao máximo do interesse privado. No momento, José Serra e Aécio Neves representam este retrocesso. Acredito mais em Serra como candidato a sequênciar as políticas de privatização e encolhimento do Estado brasileiro”.
Informado das coisas que ocorrem em Minas, Protógenes Queiroz não desconhece as diversas operações desenvolvidas por seus colegas da Polícia Federal no Estado, bem como de outros ilícitos e sabe, informado pelos professores, que “o governador Aécio Neves anunciou com alarde o estabelecimento de um piso salarial no valor de R$ 800 para a categoria, mas isso é inverdade, pois muitas vantagens foram retiradas e ele prefere abonos e gratificações que não são incorporados aos salários quando das aposentadorias”.
Aos aposentados ele recomendou a continuidade da luta pela derrubada do fator previdenciário imposto por Fernando Henrique Cardoso, frisando que a Previdência Social é superavitária e que é necessário descobrir para onde vão os recursos. “Porque no caso da BrOi, da noite para o dia surgiram ‘do nada’ 12 bilhões de reais, o dobro dos 6 milhões que estão previstos para o reequipamento das Forças Armadas Brasileiras”.
Criticou ainda a mineradora Vale, argumentando que ela recebe incentivos governamentais, mas não quer investir, elogiando a posição assumida pelo presidente Lula e disparando críticas contra Eike Batista e suas pretensões, apontadas como contrárias ao interesse nacional e do povo.
Ao final de nossa conversa, reiterou o delegado Protógenes Queiroz. “Só o povo mobilizado e o resgate dos valores do Estado sobrepondo-se como normatizador de justiça social diante da ganância do interesse privado pode resgatar os valores nacionais e, felizmente, isso está a ocorrer”.
Quanto ao cargo que disputará, ele afirmou que isso somente será anunciado dois meses antes do último prazo permitido por lei.
Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.
gelisio@novojornal.com
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