UM CLICHÊ BEM APROPRIADO PARA O DIA DA RESSACA ELEITORAL: O PIOR CEGO É AQUELE QUE SE RECUSA A ENXERGAR

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Lambido do Portal Terra

Triste constatação

Cláudio Lembo
De São Paulo

A mais monótona campanha eleitoral dos últimos tempos. Ela apontou o desgaste dos partidos políticos. Nada de programa de governo. Ausência absoluta de idéias. Abstinência total. Falta de propostas sobre os relevantes temas da atualidade. Um horror.

Restou a amarga realidade. Ficou demonstrado que as agremiações partidárias atingiram o ponto máximo de fadiga. Não dá para persistir. Uma nova legislação necessita urgentemente ser pensada.

O excesso de partidos políticos conduz a um quadro de anomia e esgarça a arena política. As direções partidárias esqueceram os mais singelos princípios do bom senso médio.

Não procuraram estabelecer padrões mínimos de comportamento. Foi um vale tudo inaceitável. As mais esdrúxulas personagens ingressaram no cenário público pela janela ampla dos meios eletrônicos de comunicação.

Transformaram pregação cívica em espetáculo canhestro de circo mambembe. Nada de opiniões. Apenas promessas sem qualquer viabilidade ou consistência.

Os candidatos majoritários não fugiram à regra da mediocridade. Mostraram-se como figuras robotizadas, falsamente construídas por marqueteiros sem qualquer visão de realidade.

Transformaram pessoas em bonecos e estes agiram como marionetes a serviço de agências de publicidade. Nada concreto. Real. Tudo mero faz de conta de velhas lendas de antigamente.

As práticas democráticas precisam ser repensadas. Eleições no atual modelo só levam a uma progressiva perda de legitimidade dos mandatos. Se o ator não tiver carisma, se sustentará durante algum tempo. Caso não possua o dom de Deus, vai para o inferno da impopularidade.

O desgaste será inevitável. Perderá o controle da administração e o apoio da sociedade. Surge então o caos. Aguarda-se que isto não venha a ocorrer, mas as esperanças não devem ser exageradas.

Uma profunda reforma política é exigida. Ocorre que os vitoriosos nunca estão dispostos a alterar as regras que permitiram suas vitórias. Daí tudo se manterá inalterável.

O grande instrumento de mudanças poderia se encontrar no Judiciário. Este, contudo, nos últimos tempos, mostra-se titubeante e indeciso, o que gera ainda maior insegurança.

O ativismo judiciário, nos últimos meses, transformou-se na passividade processual. Nada de decisões que possam por fim a situações de desconforto. Ao contrário, preserva-se a instabilidade jurídica até as últimas consequências, como se buscasse aquilatar até onde vai a resistência emocional da coletividade.

Após os pleitos eleitorais, volta-se à normalidade e nesta pode-se elaborar novos parâmetros de comportamento cívico-partidário. Uma reforma partidária é exigida.

Os brasileiros demonstraram - ainda uma vez - o grande apego à democracia que permeia a consciência nacional. Agora chegou a oportunidade dos dirigentes políticos, membros do Judiciário e integrantes dos Legislativos oferecerem contribuição efetiva para a melhora das práticas políticas.

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