Justiça afasta prefeito, vereadores e secretários em Caratinga
Políticos são investigados por corrupção e enriquecimento ilícito após vídeo que mostra suposto "mensalão" ser divulgado
RENATO COBUCCI/ARQUIVO
Prefeito João Bosco Pessine é um dos investigados por suspeita de corrupção
A Justiça determinou nesta quinta-feira (1º) o afastamento imediato e o bloqueio dos bens do prefeito de Caratinga, no Vale do Rio Doce, João Bosco Pessine (PT), de quatro vereadores, dois secretários municipais e um chefe de gabinete. Na decisão, proferida pelo juiz da 2ª Vara Civil, Alexandre Ferreira, eles são acusados de corrupção e enriquecimento ilícito. As denúncias, divulgadas com exclusividade pelo Hoje em Dia, surgiram após a divulgação de vídeos onde os réus praticavam uma espécie de “mensalão” dentro da prefeitura.
Além do afastamento e do bloqueio dos bens, o juiz ainda determinou o pagamento de multa dos envolvidos por danos ao erário. O prefeito, a secretária da Fazenda, Angelita Carla Nacife, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo Edson Soares de Oliveira, e o chefe de gabinete do petista, Edwy Gonçalves de Oliveira, terão que pagar R$ 313.974. Já os vereadores foram multados individualmente: Altair Soares da Silveira em R$ 98.524, Emerson da Silva Matos em R$ 146.608, Ricardo Heleno Gusmão em R$ 111.500 e Ronilson Marcílio Alves em R$ 62.000.
Além dos vídeos gravados dentro do gabinete de Edson, o juiz destacou outras provas recolhidas após cumprimento de mandado de busca e apreensão e de quebra dos sigilos fiscal e bancário dos investigados. De acordo com Ferreira, foram encontrados um comprovante de depósito do prefeito para Edson, no valor de R$100 mil, e um “contrato de gaveta” de um imóvel que não havia sido declarado à Justiça na residência do vereador Ronildo.
“Apesar da perícia nos equipamentos de informática não ter sido finalizada, o acervo probatório até então produzido demonstra esquema de pagamento de propina envolvendo os demandados, integrantes do poder Executivo e do Legislativo”, registrou o juiz.
Quanto ao envolvimento de Pessine, o juiz afirma que apesar dele não ter aparecido nos vídeos e não ter comparecido às três convocações de oitiva, duas testemunhas confirmaram a participação do prefeito no esquema.
De acordo com as investigações realizadas pelo Ministério Público, cada vereador recebeu os seguintes valores em propina: Altair, R$ 24.631, Emerson R$ 36.652, Ricardo R$ 27.875 e Ronilson R$15.500.
O escândalo em Caratinga foi classificado pelo juiz como “um cenário político contraditório que escondia, na verdade, odiosa prática de corrupção e de afronta à democracia”. Ferreira se referiu à relação conflituosa entre Executivo e Legislativo que culminou no pagamento de propina aos vereadores para que estes encerrassem comissões processantes que investigavam Pessine e aprovassem projetos de lei de seu interesse.
Ainda nesta quinta, foi encaminhado do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) o pedido de posse do vice-prefeito, Aluísio Mota Palhares (PMDB), e dos quatro suplentes dos vereadores afastados pela decisão judicial. Procurado, o peemedebista afirmou que a data ainda não foi definida. “Estamos aguardando a notificação do presidente da Câmara para fecharmos a data”, declarou o vice-prefeito.
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