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O que será que se passa por trás dessa pose de lorde inglês?
E eu confesso já ter passado por este tipo de experiência em minha vida profissional. Não é tarefa fácil e tampouco é edificante, de fato, um constrangimento a descreveria melhor. No nosso curriculum vitae, naquela parte onde se faz destacar os resultados alcançados, exibimos, esquivando-se dos meios, as metas e os resultados atingidos.
Dura é a realidade no mundo corporativo onde, a soldo, nos curvamos muitas vezes para fazer o serviço sujo para aqueles a qual devemos obediência e são, em primeira instância, os que nos provêm os meios materiais para bancar nossas necessidades, desejos e até as luxurias.
Mas poderia ser dito, também, que sempre há opção de não fazê-lo, entretanto eu diria que nem sempre ela se apresenta disponível quando mais necessária se faz.
Há de se considerar, ainda, a possibilidade de quem faz coisas desta natureza por pura convicção, por completa ausência de escrúpulo ou mesmo por prazer. Em todos os casos, recomendo que o preço cobrado por estes préstimos seja proporcional aos pesados encargos que lhe correspondem.
E o Fernando Rodrigues também não ficou isento, sua fatura com a conta de encargos já bate à sua porta. Clique aqui e confira o que já produziu para ele sua participação no Roda Viva e o post abaixo.
23/12/2008
Protógenes, o frio. O confuso
O delegado Protógenes Queiroz tem poucas idéias, porém confusas.
Não me parece venal ou mal intencionado. É frio. Passa a impressão de uma pessoa honesta. Mas é desfocado. Não responde marotamente a perguntas sobre furos em seu relatório do caso Satiagraha.
Corre-se sempre o risco de ao criticar Protógenes alguém entender que a intenção é proteger os bandidos perseguidos por ele. Mas essa é uma percepção torta de quem não está acostumado com o Estado Democrático de Direito.
Dois comentários sobre o Roda Viva de ontem, onde Protógenes ouviu perguntas e raramente as respondeu de maneira satisfatória:
1) Caso da prisão de jornalista:
Dados oficiais
- transcrição de grampo entre Daniel Dantas e assessor em 17.março.08:
[assessor] “...André [sic] Michael, da Folha, tá fazendo por encomenda uma matéria contra você, tá certo? [ou seja, a reportagem é CONTRA Daniel Dantas]
- descrição do mesmo grampo no inquérito: “Em 17/03/08, às 14:50:52, GUILHERME [o assessor] fala com DANIEL V. DANTAS que ANDREA MICAEL, da FOLHA DE SÃO PAULO está atrás dele para fazer uma matéria por encomenda. A folha está querendo saber da desenvoltura de DANIEL e quem o está ajudando”.
[note o internauta que sumiu a palavra “CONTRA”. Sumiu. A reportagem, que saiu de fato em 26.abr.2008, passa então a ser “por encomenda”]
- citação final sobre o mesmo grampo de 17.março: “... a correspondente do jornal Folha de São Paulo na cidade de Brasília chamada Andrea Michael (a mesma que, em áudio acima mencionado, oferece seus serviços diretamente à organização criminosa), assinou matéria jornalística, publicada no jornal Folha de São Paulo, vazando algumas informações a respeito da investigação em andamento”.
[Ora, a repórter que iria fazer reportagem contra Daniel Dantas agora aparece como tendo oferecido “serviços diretamente à organização criminosa”, embora o fato citado seja o mesmo, desde o início. Não existe nos laudos o “áudio acima mencionado” citado por Protógenes no qual a repórter supostamente se ofereceria à tal organização criminosa. O que há nos laudos é um áudio onde cita-se uma reportagem que sairia na Folha. Só isso].
O que respondeu Protógenes sobre esses trechos incongruentes redigidos por ele próprio? Nada. Disse que havia mais coisas a serem consideradas. Que coisas? Não se sabe.
A irresponsabilidade desse agente público é sem limites. Além de, nesse caso, sua inteligência ser colocada à prova. Se ele, Protógenes, queria a decretação da prisão de alguém supõe-se que apresentaria ao Ministério Público e ao juiz o máximo de evidências para sustentar a detenção.
Mas, não. O delegado diz ter omitido detalhes importantes. Depois, reclama ser perseguido quando a Justiça nega seus pedidos.
É quase um caso clínico, pois às vezes não faz o menor sentido o que diz Protógenes.
2) O caso dos agentes da Abin disfarçados de agentes da Receita Federal:
Protógenes teve uma dezena de agentes da Abin a seu serviço na Satiagraha. OK. Parece ser comum esse tipo de cooperação entre os sistemas de segurança e informações brasileiros.
Mas se era tudo legal, por que esses agentes da Abin se apresentavam como sendo agentes da Receita Federal?
Aqueles que desdenham as instituições e o Estado Democrático de Direito tentam desqualificar a dúvida. O próprio Protógenes vai na mesma linha dizendo ser necessário ocultar as identidades dos agentes da Abin. Mas não é esse o ponto em foco aqui.
Agente da Abin disfarçado não é o problema. O problema é se apresentarem como sendo de um outro órgão do governo.
A partir de agora, estamos todos autorizados a desconfiar de algum agente ou servidor da Receita Federal que se apresentar como tal. Pode ser um araponga.
Um agente fiscalizador ou de investigação pode e tem o dever de manter sua identidade em reserva quando está em missão. Mas não pode conspurcar o nome e a imagem de outro organismo da administração pública.
O que disse Protégenes para explicar tudo isso? Nada.
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