E eu que também adoro um ovo cozido, até aquele de estufa de botequim, cozido com coloral.
Divirtam-se!
Eu estava comendo um prosaico ovo cozido (OK, cada um tem sua madeleine) quando me lembrei do Império dos Sentidos. O filme de Nagisa Oshima fez grande sucesso e causou muita polêmica quando de seu lançamento. Hoje ninguém fala mais dele, e só me recordei do filme agora por causa do ovo cozido, que nele é utilizado de forma nada prosaica.
Menos prosaico ainda foi o local onde assisti ao filme. Estava numa cidade do interior de São Paulo, que contava na época com dois cinemas (hoje não tem nenhum): um frequentado pela elite local. O outro, pelo povão, onde eram exibidas produções de classe Z, banguebangues baratos, filmes antigos de Mazzaropi (os novos, no classe A). Pois não é que O Império dos Sentidos foi programado para o poeirão?
Comprei meu ingresso e comecei a apreciar os tipos que dividiriam o cinema comigo. Só homens, que chegavam com suas bicicletas. Gente simples, com chapéu de palha na cabeça, a maioria trabalhadores do campo - da roça, como eles se dizem.
Foi sem sombra de dúvidas a plateia mais divertida que O Império dos Sentidos teve ao redor do mundo.
O filme conta uma história de amor intenso entre uma ex-prostituta e o senhor da casa onde vai trabalhar como empregada. E põe intenso nisso. O cinema estava lotado. A plateia dava risinhos nervosos a cada nova cena de amor. Ainda mais porque Oshima quebrou a barreira entre o filme de arte e o pornô, colocando cenas pra lá de apimentadas na tela.
Até que veio a famosa cena do ovo cozido. O homem o introduz suavemente na vagina da mulher. Ela depois o devolve, "põe o ovo", e ele o come. Já imaginaram a reação da plateia? Até hoje me recordo de um deles à minha frente:
- Quié issu?!... O que ele vai fazer?... Nossa, num credito!...Ói, oi, e num é que vai infiá lá?... Ahn!... Dooona!!!... Guloooosa!E ainda há quem não goste de ovo cozido...
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