Convenhamos, o país merece muito mais do que isso!
Lambido da Tribuna da Imprensa, por Hélio Fernandes
A campanha vazia, sem compromisso, sem projetos, sem esperança. Dilma e Serra não sabem o que dizer, embora tudo esteja por fazer. Descobriram a baixaria, felizes.
Já que não fazem no Poder, municipal, estadual, federal, poderiam aproveitar a proximidade da eleição e pelo menos prometer. Não cumpririam, Dilma e Serra não têm a menor credibilidade, mas colocariam nos debates os extraordinários problemas que afligem o país. Daria a impressão de estarem com pleno conhecimento desses obstáculos.
Mas não dizem nada. Os debates frente a frente, assustadores pela falta de profundidade, de conhecimento, de compromissos. Um ri mais que o outro, como se fosse engraçadíssima a tentativa de chegar à presidência da República.
Serra tenta pela segunda vez com a certeza da derrota anunciada há 8 anos, desde 2002. Dona Dilma, pela primeira vez aos 65 anos, a mesma idade do “padrinho-protetor”. Nunca teve a vontade de se candidatar, se “oferecer” ao povo, como fez Lula, o Pedro Álvares Cabral da sua vida eleitoral?
O que ninguém pode negar ao Lula, candidato a presidente 5 vezes seguidas, perdeu três, não desanimou, disputou mais duas e ganhou. Poderia dizer como é do seu hábito, gosto e costume: “Ninguém conseguiu isso na História do Brasil”. E seria rigorosamente verdadeiro.
Estão perdendo a oportunidade de debater com ampla repercussão, e com satisfação geral do povão, e garantir que não desconhecem nada do que o Brasil precisa de mais urgente. E o que seria mais urgente do que a preservação dos recursos ROUBADOS do cidadão-contribuinte-eleitor?
Ninguém trata do desenvolvimento e do investimento, com que recursos irão cumprir o “eu vou fazer isso”, ou então “farei aquilo”? Por que não se debate com amplitude e sem censura, a razão do Brasil pagar um juro tão ALTO? Por que não dizem: “Assim que tomar posse vou providenciar o fim dessa SANGRIA inominável, que nos leva 188 BILHÕES POR ANO”?
Elementar, os dois candidatos estão igualmente impedidos de tratar desse roubo COLOSSALNÃO PODE das nossas riquezas. Serra , pois essa DÍVIDA espantosa vem em linha reta do governo FHC, o que mais incentivou (?) a sua carreira. Além do mais, pessoalmente ligadíssimo aos senhores que enriquecem com esses juros, tem que ficar em silêncio, não pode arriscar uma palavra que seja.
(Dona Dilma também tem que ficar calada, Lula seguiu sem hesitação tudo o que FHC adotou. E ela, pelo menos na campanha, não pode contrariar o “padrinho-protetor”).
Em relação à DÍVIDA EXTERNA, que Lula diz que pagou (e que este repórter mostrou com números irrefutáveis que está viva) Serra podia perguntar sem nenhuma hostilidade: “O que aconteceu com a DÍVIDA EXTERNA? O presidente disse que pagou. Isso é verdade? E poderia concluir (sem citar o nome do repórter): “O presidente foi desmentido. Afinal, a DÍVIDA EXTERNA foi paga ou continuamos DEVENDO?”
Serra não pode tratar do assunto. Como contrariar os empresários (banqueiros, donos de supermercados, seguradoras, empreiteiros e mais e mais) que financiam sua campanha? E mais grave ainda: FINANCIARAM TODA A SUA VIDA.
Quanto a Dona Dilma, seria exigir o impossível, que ela contestasse o próprio “padrinho-protetor”. E se existe um fato que ela conhece de “ciência exata”, é que a DÍVIDA EXTERNA está maior do que antes. Nada foi pago.
Outro fato que não envolve DINHEIRO VIVO, mas dá os maiores prejuízos ao país: a REFORMA PARTIDÁRIA. O aumento execrável da corrupção, tem base na falta de CREDIBILIDADE geral. Inclua-se: governadores, prefeitos, senadores, deputados federais e estaduais, e naturalmente essa, PRESIDENCIAL. Que ocorre escondida e obstruída pelos INTERESSES INCONFESSÁVEIS dos dois candidatos.
Mas como é que Dilma e Serra podem exigir ampla, total e irrestrita REFORMA PARTIDÁRIA, se os dois são produtos da mesma inqualificável AUSÊNCIA de vida partidária? Se Dona Dilma foi ESCOLHIDA, UNGIDA E SACRAMENTADA pelo presidente Lula, pessoalmente, sem ouvir o PT? Se ouvisse, Dona Dilma jamais seria candidata.
No PT, dizem horrores dela, (por trás, por trás), quem tem coragem de criticar uma candidata já vitoriosa? O mais comum de ouvir nos corredores do PT; “Ela nunca pertenceu ao PT, na frente dela, existiam pelo menos uns 10 correligionários”.
E Serra, como pode LUTAR pela REFORMA PARTIDÁRIA? Sua carreira foi feita sem partidos, apenas dominando a cúpula dessas siglas milagrosas. Que também não podiam puni-lo. Se existissem partidos, Serra já teria sido expulso DE TODOS. Várias vezes.
O inacreditável: na última eleição para prefeito de SP, o “seu” PSDB tinha um candidato: o inefável Geraldo Alckmin. Serra, governador, TRAIU OSTENSIVAMENTE o nome do PSDB, apoiou PUBLICAMENTE o também inefável Kassab, que era do DEM. Para Serra, tanto faz. Kassab liquidou o correligionário de Serra, não precisou explicar coisa alguma, não existem partidos.
Outro fato que precisa ser eliminado: a REEELEIÇÃO SEM TER HAVIDO ELEIÇÃO. Política e eleitoralmente, uma excrescência. Kassab era vice-prefeito de Serra. Este ficou apenas 15 meses, RENUNCIOU, Kassab assumiu, cumpriu o resto do mandato. Foi então candidato a mais 4 anos, sem sair do cargo e sem antes ter disputado algum.
Mas como Serra pode protestar contra esses suplentes? Na Constituinte de 1988, lutou pelo fim desses cargos. Depois se aproveitou vasta e fartamente deles. Foi senador, financiado pelo pai do presidente da Fiesp (da época), que ficou 7 anos e meio como SUPLENTE EM EXERCÍCIO. (Tinha “todo o direito”, era a remuneração pelo financiamento).
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PS – Agora, a campanha tem um assunto único: a baixaria da Receita Federal. Os dois tratam dessa questão com evidente satisfação. Quem quer saber de SANEAMENTO, ESTRADAS, PORTOS, REFORMA AGRÁRIA, SAÚDE, EDUCAÇÃO, AEROPORTOS, modificar o sistema de PAGAMENTO dessas DÍVIDAS?
PS2 – É um fato estranhíssimo: essa baixaria da Receita Federal está no noticiário diário de todos os órgãos de comunicação. Durante esse tempo, não houve a publicação, por qualquer instituto de pesquisa, de levantamento do fato.
PS3 – Sabem a razão? É que até agora, não chegaram a uma conclusão: a baixaria prejudica Serra ou Dona Dilma? Como dizem que a pesquisa representa o MOMENTO, por que deixam passar esse MOMENTO? Ha!Ha!Ha!
2 comentários:
Todos os dias nossa "grande" imprensa publica informações pessoais atribuídas a "fontes da Receita". Agora está escandalizada com quebra de sigilo.
Hélio Fernandes, apesar de se dizer nacionalista, não consegue deixar de ser um udenista admirador de Carlos Lacerda — o Corvo.
Quem faz baixaria é o Serra. E quem apresenta proposta é a Dilma, basta acompanhar os programas eleitorais da televisão e acessar a internet e ler os jornalões privados e comerciais.
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